Governo da Etiópia aceita delimitação da fronteira com Eritreia

Entre 1998 e 2000, os dois vizinhos travaram uma guerra, que provocou pelo menos 80 mil mortos. A delimitação definida pela comissão internacional em 2002 vai ser finalmente aplicada.

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O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Reuters/Tiksa Negeri

A coligação governamental da Etiópia anunciou aceitar a delimitação fronteiriça com a Eritreia, que tem motivado fortes tensões militares entre os dois países. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira, mediante o qual os partidos do Governo etíope garantiram que decidiram aplicar "em pleno" as conclusões da comissão internacional que, em 2002, delimitou a separação.

"O Governo etíope decidiu aplicar plenamente o acordo de Argel (assinado em 2000 para acabar com o conflito entre os dois países) e (as conclusões) da comissão sobre a demarcação da fronteira e estamos a trabalhar na sua concretização completa sem hesitação", segundo um comunicado governamental.

Este anúncio surpreendente representa uma importante alteração de política do novo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, que tinha prometido no seu discurso de tomada de posse, em Abril, trabalhar para restaurar a paz com a Eritreia.

"O Governo eritreu deve adoptar a mesma posição sem condições prévias e aceitar o nosso apelo à restauração da paz há muito perdida entre os dois países irmãos", acrescentou a coligação governamental, no seu comunicado. A Eritreia acedeu à independência em 1993, fazendo perder à Etiópia a sua única fachada marítima, sobre o Mar Vermelho.

Entre 1998 e 2000, os dois vizinhos travaram uma guerra, que provocou pelo menos 80 mil mortos, com a questão da delimitação da fronteira a figurar entre as razões do conflito. Desde então, os dois países mantêm numerosas forças ao longo da fronteira comum, de mil quilómetros.

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