Fibroglobal contesta análise da Anacom sobre cobrança de 3,1 milhões

Em causa está informação divulgada pelo regulador sobre "eventuais sobrefinanciamentos", no total de 3,1 milhões de euros, no âmbito dos contratos relativos às redes de alta velocidade rurais.

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Ricardo Lopes

A empresa Fibroglobal recusou hoje situações de sobrefinanciamento nos contratos de redes de alta velocidade rurais, após a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) ter apontado um montante de 3,1 milhões de euros a mais na cobrança destes serviços.

"A Fibroglobal reitera que, no seu entendimento, não existe uma situação de sobrefinanciamento no período analisado e aguarda que a Anacom promova também o respectivo processo de audiência prévia, para que os fundamentos deste entendimento possam também ser objecto da devida ponderação por parte do organismo que aconselha o contraente público nesta matéria", indica hoje a empresa numa nota assinada pelo director comercial, Carlos Oliveira.

Em causa está a informação divulgada pela Anacom no início do mês relativa à identificação de "eventuais sobrefinanciamentos", no total de 3,1 milhões de euros, no âmbito dos contratos relativos às redes de alta velocidade rurais.

"Nesta análise concluiu-se pela existência de sobrefinanciamento nos contratos celebrados com a Fibroglobal, relativos às zonas Centro e Açores", indicou o regulador, precisando que "os resultados dos montantes de reembolso apurados rondam 3,1 milhões de euros", sublinhou o regulador".

A Anacom propôs ao Estado que remeta os resultados da avaliação às autoridades de gestão dos fundos comunitários aplicados no financiamento das redes, de modo a que "sejam devolvidos a essas entidades os montantes".

Na nota de hoje, o director comercial da Fibroglobal, Carlos Oliveira, pronuncia-se também sobre a descida de preços até 66% nas ofertas da empresa proposta pela Anacom, reiterando que a companhia "tem vindo a reduzir de forma gradual os preços da sua oferta e pretende continuar a fazê-lo, como sempre afirmou".

No comunicado divulgado no início do mês, a Anacom informou que concluiu "a análise dos preços das ofertas grossistas suportadas em redes de alta velocidade rurais", propondo ao Governo a redução dos preços das ofertas da empresa de redes de alta velocidade que atua no centro do país e nos Açores.

De acordo com a proposta, "os preços praticados por esta empresa [Fibroglobal] deverão descer em média entre 30% e 66%, consoante os tipos de acesso, por forma a garantir a sua manutenção em níveis razoáveis e não discriminatórios".

Para o regulador, uma diminuição do preço das ofertas da Fibroglobal possibilitaria, por isso, "uma maior utilização dessas ofertas por parte de outros operadores retalhistas para além da Meo".

A Fibroglobal realça, contudo, que a proposta da Anacom sugere "uma redução muito significativa do preço da mensalidade do acesso virtual da oferta Bitstream, recomendando em simultâneo a adopção nesta oferta de uma solução tecnológica actualmente não disponível e que implica, para a sua implementação, investimentos vultuosos, quando a procura expectável para esta solução é considerada reduzida na análise que sustenta a sua proposta".

Já "relativamente à posição entretanto assumida pelos operadores Nos e Vodafone no que respeita à proposta da Anacom, nomeadamente que os preços propostos não lhes permitem disponibilizar serviços retalhistas sobre a rede da Fibroglobal, é de referir que, segundo a análise da Anacom, os preços ora propostos pelo regulador encontram-se perfeitamente equilibrados com os de outros operadores grossistas, na rede dos quais esses mesmos operadores têm conseguido oferecer serviços, pelo que a Fibroglobal muito estranha e não vê justificação para essa posição", adianta Carlos Oliveira na nota.

A Nos e a Vodafone, na semana passada, pediram ao Governo que fosse além das recomendações da Anacom no sentido de impor uma descida de preços grossistas à Fibroglobal. Embora vista como positiva, a decisão do regulador, é também, segundo as duas empresas, insuficiente para pôr fim ao que chamam “o monopólio da Meo” nas redes de fibra das regiões do centro e dos Açores.

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