Polícia londrina discrimina jovens com base em música ou redes sociais

Da base de dados que a Aministia diz ser “enviesada”, 99% dos identificados são do sexo masculino e 78% são negros.

Foto
A base de dados Matrix foi criada pela Polícia Metropolitana de Londres em 2012 Reuters/STEFAN WERMUTH

Jovens negros estão a ser discriminados pela polícia de Londres devido ao uso de uma base de dados que tem como critérios o tipo de música ouvido ou a actividade nas redes sociais, denuncia um relatório da Amnistia Internacional.

A base de dados Matrix foi criada pela Polícia Metropolitana de Londres em 2012 para mapear gangues, na sequência dos motins de 2011 na capital britânica, e cataloga uma série de pessoas de acordo com o grau de violência, usando as cores verde, âmbar e vermelho.

Porém, o relatório "Encurralados na Matrix: Secretismo, estigma e preconceitos na base de dados de gangues da Polícia Metropolitana", publicado hoje, nota que, das 3806 pessoas da lista analisada em Outubro de 2017, 78% são negros, apesar de as próprias estatísticas da polícia indicarem que apenas 27% dos responsáveis pela violência juvenil são negros.

A base de dados tem jovens até 12 anos e 99% dos identificados são do sexo masculino, o que a organização de direitos humanos atribui ao facto de as autoridades identificarem muitos por gostarem e partilharem nas redes sociais música grime.

Mais recentemente, a Polícia Metropolitana tem estado sob pressão para combater o crime com armas brancas, mas Kate Allen, directora da Amnistia Internacional no Reino Unido, afirma que a base de dados Matrix não deve ser usada porque está enviesada.

"O sistema inteiro é racialmente discriminatório, estigmatizando jovens negros pelo tipo de música que escutam ou pelo seu comportamento nas redes sociais, perpetuando preconceitos raciais que podem ter um potencial impacto em todos os tipos de áreas das suas vidas", vinca.

Allen considera que alguns agentes policiais "têm agido como se estivessem no faroeste", ao criarem perfis falsos nas redes sociais para vigiar suspeitos sem recorrer a mandados de busca, o que considera ser um desrespeito dos Direitos Humanos.

A Amnistia Internacional quer um inquérito público completo sobre a Matrix e o seu respectivo uso, nomeadamente se a base de dados respeita as leis de protecção de dados e, caso se confirme que não respeita os Direitos Humanos, sugere que seja desmantelada.

Sugerir correcção
Comentar