Estruturas, índices e protótipos de Manuel Casimiro

Artista apresenta na Livraria Sá da Costa, em Lisboa, exposição constituída por quatro capítulos revisitando quatro décadas de carreira.

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L'univers des Orientalistes, de Gérard-Georges Lemaire, foi objecto de intervenção do artista DR
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Série Photographies Erotiques DR
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Livro-objecto L'univers des Orientalistes DR
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Pintura para além do olhar DR

Não é ainda a exposição de teor mais abrangente prometida para 2019 no Museu Estremenho e Ibero-americano de Arte Contemporânea (MEIAC), em Badajoz, mas é uma mostra “iniciática” do que será (do que tem sido) a carreira de Manuel Casimiro (n. Porto, 1941), artista que tem tido mais visibilidade fora do que dentro do seu país. Estruturas, índices e protótipos é o título da mostra que vai ser apresentada em Maio em Lisboa, entre os dias 11 e 30 de Maio, no Espaço Camões da Livraria Sá da Costa (Praça Luís de Camões, n.º 22).

Nesta galeria do Chiado, Casimiro vai apresentar pintura recente, fotografia, escultura da década de 70 e ainda fazer o lançamento de um livro-de-artista, e entre eles haverá algumas peças inéditas em Portugal.

“Mais do que fazer carreira, tenho-me mais preocupado em fazer um percurso, que sei que é um caminho solitário, de investigação permanente, de desafio à inteligência e à memória”, diz o artista ao Ípsilon, como que reflectindo sobre o seu lugar na cena artística actual.

Essa carreira é agora revisitada, num primeiro momento – com curadoria de António Cerveira Pinto, que está também a preparar a exposição no MEIAC –, com a apresentação de obras criadas por Manuel Casimiro ao longo das últimas quatro décadas. No Espaço Camões da Sá da Costa, irá mostrar algumas peças inéditas em Lisboa, mas já apresentadas em Macau e depois no Porto. São quadros em que o artista inscreve os conhecidos “ovóides casimirianos” – simultaneamente presenças pictóricas e linguísticas que vem trabalhando desde a década de 70 – sobre fundos verdes, vermelhos e negros.

Uma outra série, Photographies Erotiques, documenta a intervenção realizada sobre um álbum de teor erótico produzido em França nos finais do século XIX, mas adquirido por Casimiro em Portugal junto de um coleccionador e bibliófilo.

Outra publicação, L’univers des Orientalistes, de Gérard-Georges Lemaire, foi também objecto de intervenção e apropriação do artista, e será exposto na galeria do Chiado em simultâneo com o lançamento de uma nova edição da obra, agora em livro-objecto.

O quarto capítulo da exposição será a reconstituição da instalação que Manuel Casimiro realizou, em 1975, na Sociedade Nacional das Belas Artes (SNBA), também em Lisboa, sob a título Estrutura de frutos e legumes – e que foi literalmente uma composição de tomates, batatas, peras, laranjas e limões numa malha ortogonal, a rimar com outra experiência feita pelo artista no ano anterior, com pedras de basalto sobre a areia da Praia da Luz. “Era uma metáfora sobre o processo de transformação da matéria e do pensamento", recorda Casimiro.

Notícia corrigida: o Espaço Camões da Livraria Sá da Costa é uma galeria situada no n.º 22 da Praça Luís de Camões, e não na livraria.

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