Serviços de streaming são maior fonte de receita da indústria musical

É o terceiro ano consecutivo que a receita da indústria musical aumenta, depois de 15 anos em queda.

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A indústria continua longe da sua era dourada Reuters/LUCY NICHOLSON

Os serviços de streaming como a Apple Music e o Spotify tornaram-se em 2017, pela primeira vez, a principal fonte de receita da indústria musical, tendo sido responsáveis por 38% da facturação.

A informação surge no mais recente relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). Em 2017, com 64 milhões de novos subscritores a pagar por serviços de streaming, as receitas totais chegaram aos 6,6 mil milhões de dólares um aumento de mais de dois mil milhões de dólares em relação ao ano anterior), levando a que a indústria musical facturasse 17,3 mil milhões de dólares (14,2 mil milhões de euros), uma subida de 8,1% face a 2016.

É o terceiro ano consecutivo que o valor aumenta, depois de 15 anos a descer desde a estreia do Napster, em 1999, que popularizou o conceito de partilhar canções online e descarregá-las sem pagar.

Os números mostram uma mudança na forma como as pessoas ouvem música: em vez de limitarem as suas escolhas a alguns artistas ou álbuns, ou recorrerem a serviços grátis com anúncios a interromper a música (o YouTube, do Google, é um exemplo), a opção é cada vez mais pagar por serviços com assinaturas mensais que permitem ouvir música de forma quase ilimitada.

Ainda assim, a indústria está longe da sua era dourada. A receita do ano passado representa apenas 68% do pico da indústria em 1999, uma altura em que os Backstreet Boys e a Britney Spears estavam no auge. “A indústria está num caminho positivo para recuperar, mas é claro que a corrida está longe de estar ganha”, admite o director executivo da IFPI, Frances More, na apresentação do relatório. Introduzir inteligência artificial (para melhor perceber os gostos das pessoas), e pôr assistentes digitais a controlar o serviço de streaming são algumas propostas para o futuro.

Além disso, a IFPI propõe aos governos introduzir regulação para equilibrar a diferença de valores entre aquilo que plataformas como o YouTube ganham com os vídeos de música que disponibilizam, e aquilo que pagam aos artistas e discográficas.

A notícia surge quando o Facebook se prepara para lançar o seu próprio sistema de partilha de música. Em 2017 a rede social anunciou um acordo que permite à Universal Music Group (que representa artistas como Jay Z e Taylor Swift) publicar catálogos da música dos seus artistas no Facebook, Instagram, e no sistema de realidade virtual da rede social, o Oculus.

“Com o mercado de streaming a amadurecer, é preciso trabalhar com parceiros para desenvolver serviços adequado de segmentação de consumidores e definir a forma como oferecemos produtos diferenciados e personalizados que chegam às pessoas que ainda não se converteram ao modelo de subscrição”, diz o vice.presidente de estratégia musical da Universal Music, Jonathan Dworkin, que foi entrevistado pela IFPI.

De acordo com a IFPI, os EUA, o Japão, a Alemanha, Reino Unido e França são os cinco países com uma maior receita musical. Não há dados específicos para Portugal.

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