Nova clínica para tratar cancro com tecnologia nuclear abrirá em 2021

Clínica será construída de raiz e o investimento (vindo de fundos europeus e empréstimos do Banco Europeu de Investimento) será de 100 milhões de euros em cinco anos.

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O ministro da Ciência no simpósio sobre aplicações médicas das ciências nucleares, no Campus Tecnológico e Nuclear, na Bobadela, Loures António Cotrim/Lusa

Os doentes portugueses com cancro vão poder ser tratados de forma mais eficaz e sem efeitos secundários com tecnologia nuclear numa nova clínica que deverá abrir em 2021, afirmou esta sexta-feira o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

O ministro falava aos jornalistas no Campus Tecnológico e Nuclear, na Bobadela, concelho de Loures, onde decorreu um simpósio sobre aplicações médicas das ciências nucleares. Ali deverá ser feito um investimento de 100 milhões de euros em cinco anos, vindos de fundos europeus e emprestados pelo Banco Europeu de Investimento.

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Manifestação de bolseiros de investigação científica precários à entrada do Campus Tecnológico e Nuclear, onde decorreu esta sexta-feira um simpósio sobre aplicações médicas das ciências nucleares António Cotrim/Lusa

“Hoje, as ciências e tecnologias nucleares permitem curar o cancro”, afirmou o ministro após a assinatura de um protocolo com a Agência Internacional de Energia Atómica, no local onde há 57 anos se investiga e trabalha na energia nuclear, principalmente no reactor experimental que o Governo e o Instituto Superior Técnico decidiram fechar.

O trabalho nesta área será “reorientado para a saúde”, nomeadamente na tecnologia de feixes de protões que “podem ser concentrados num tumor para curar e tratar cancros, sobretudo em doentes jovens e crianças”, disse Manuel Heitor.

Será a primeira clínica com esta terapia no Sul da Europa e Portugal quer conseguir prolongar a vida a pelo menos três em cada quatro doentes oncológicos. A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (tutelada pelo Ministério da Ciência) irá formar médicos e cientistas para poderem usar a tecnologia na clínica, que terá de ser construída de raiz.

Segundo uma nota do Ministério da Saúde, a terapia de protões “permite o tratamento eficaz de múltiplas tipologias de cancro, reduzindo eventuais efeitos secundários relativamente a tratamentos baseados em tecnologias mais convencionais, permitindo minimizar as lesões em tecidos saudáveis circundantes dos tumores”. “Prevê-se que venha a ser possível tratar cerca de 700 doentes por ano com feixe de protões, seleccionados de acordo com as melhores práticas internacionais”, acrescenta a nota do gabinete do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

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