Operadores turísticos revoltados com início de obras no cais de Gaia

Empresas afirmam que timing da intervenção vai prejudicar operações comerciais. APDL diz que calendarização é uma necessidade.

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Estima-se que obras levem seis semanas a ficar concluídas Manuel Roberto / Arquivo

Os operadores turísticos do Douro estão descontentes com a calendarização escolhida pela Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) para a intervenção de requalificação do terrapleno do cais de Gaia. Estima-se que os trabalhos durem, aproximadamente, seis semanas. As obras irão causar condicionamentos a nível da circulação de automóveis e contratempos logísticos, defendem os promotores turísticos.

Hugo Bastos, director de navegação da Douro Azul, e Matilde Costa, responsável pela Barcadouro, mostraram-se indignados em conversa com o PÚBLICO: “Nós não merecemos ser tratados desta forma. Pagamos as nossas contas e não compreendemos porque é que a APDL está a fazer isto assim, sem falar connosco”.

Os responsáveis pelas empresas turísticas garantem que apenas foram notificados um dia útil antes do início dos trabalhos: “Recebemos o comunicado na sexta-feira. De imediato, pedimos uma reunião para hoje [segunda-feira]. Não nos responderam. A única coisa que fizeram foi montar o estaleiro”. O objectivo da reunião era demover a APDL de começar a intervenção de requalificação.

Como os operadores admitem, as obras eram já um desejo antigo. O problema, fazem questão de salientar, prende-se com a data escolhida para a realização dos trabalhos: “Ficámos perplexos porque, durante quatro meses [de Novembro a Fevereiro], não há praticamente qualquer operação comercial”, lamentam os responsáveis, garantindo que agora já se encontram na “época em que recebem mais turistas” e por isso serão “dois meses de impacto” nas operações comerciais das respectivas empresas.

Para já, Hugo Bastos diz que já cancelou o baptismo de uma embarcação devido ao estaleiro de obras: “Quando começar a chover, vai ser interessante ver os passageiros a embarcarem e desembarcarem com lama nos pés. Os navios vão encher-se de pó”. 

Não adiantando um número no que diz respeito a possíveis perdas de ordem monetária, os operadores pintam uma imagem negra para a sua reputação: “A pior parte é mesmo a imagem, que não se recupera”.  

Em resposta às perguntas do PÚBLICO, a APDL não clarifica quando foi feito o aviso do início dos trabalhos nem se os operadores turísticos pediram, de facto, uma reunião de emergência para discutirem o planeamento das obras. Apesar da insistência, não foi possível obter esclarecimento sobre esta matéria em tempo útil.

Relativamente à data de início da intervenção, a APDL garante que é uma necessidade tendo em conta o tipo de trabalhos a realizar: “Atendendo à natureza dos trabalhos envolvidos, a execução da obra teve necessariamente de ser planeada para uma época de menor probabilidade de ocorrência de precipitação, não devendo nunca ser executada no período de Inverno”.

A APDL explica, também, que a intervenção será “faseada e realizada por troços”, de modo a minimizar os constrangimentos da circulação rodoviária e pedonal.

Texto editado por Ana Fernandes

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