Empresas portuguesas estão mais preocupadas com a cibersegurança

Num inquérito anual, 57% das empresas admitiram ter receio de serem vítimas de um ciberataque em 2018.

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A maioria das empresas inquiridas acredita que os riscos tecnológicos são os mais relevantes Reuters/KACPER PEMPEL

O aumento dos ciberataques à escala global está a preocupar mais as empresas em Portugal: 57% das empresas que participaram num inquérito anual sobre os riscos que enfrentam identificaram a possibilidade de serem vítimas de um ciberataque como a principal preocupação para 2018. Para além disso, 19% revelaram preocupações com riscos tecnológicos como o roubo ou fraude de dados digitais.

O estudo foi elaborado entre Dezembro de 2017 e Janeiro de 2018 pela Marsh, uma empresa em gestão de riscos e corretagem de seguros, que contou com a participação de 170 empresas portuguesas (31 cotadas em bolsa) de 22 sectores diferentes (desde a educação, à indústria farmacêutica).

É a primeira vez que a preocupação com ciberataques surge no topo da lista, que inclui também factores como instabilidade política e eventos climáticos extremos. Foi também o primeiro ano em que as empresas portuguesas revelaram preocupações com o “risco de roubo e fraude de dados”.

Para a Marsh, a alteração deve-se ao relevo e dimensão de ataques cibernéticos como o Wannacry e o Petya, que afectaram centenas de países em simultâneo e marcaram o ano que passou. "O nível de dependência informática das organizações é transversal a todos os sectores”, diz ao PÚBLICO Fernando Chaves, especialista de risco na Marsh. “Os ataques cibernéticos em larga escala são descritos como capazes de causar prejuízos económicos em larga escala, tensões geopolíticas ou perda generalizada de confiança na Internet.”

A tendência é internacional, com o Global Risks Report 2018, realizado pelo Fórum Económico Mundial, a mostrar resultados semelhantes, porque os ataques deixam de ser "considerados raros".

Em Maio, o Wannacry bloqueou milhares de computadores em todo o mundo (incluindo o sistema nacional de saúde no Reino Unido) para tentar extorquir dinheiro às vítimas. Em Portugal, o problema não atingiu a administração pública, mas levou o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) a activar o estado de alerta durante três dias. Menos de um mês mais tarde, em Junho, um ataque semelhante (o Petya) afectou servidores informáticos de empresas na Ucrânia. Já em Janeiro, foi revelada uma vulnerabilidade escondida nos microprocessadores da maioria dos computadores durante anos.

“É fundamental perceber as razões pelas quais as pessoas têm maior probabilidade de reagir a alguns riscos e ignorar outros”, explica Fernando Chaves da Marsh. “Esse elemento comportamental é crucial para gerir os riscos de forma eficaz e para tomar decisões sobre investimentos futuros." A dimensão das empresas não influenciou o nível de preocupação.

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