Nova Ponte de D. António Francisco deve ligar Porto e Gaia em quatro anos

Com um custo estimado de 12 milhões de euros, a travessia será paga exclusivamente pelos dois municípios

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Porto e Gaia vão ter uma nova ponte a ligar as duas cidades à cota baixa Paulo Pimenta

Os municípios do Porto e Vila Nova de Gaia vão pagar, em partes iguais, a nova ponte que irá ligar as margens do Douro, logo ali, a montante da Ponte de São João. A nova travessia, que irá vencer a distância de 250 metros entre as duas margens, terá o nome do falecido bispo do Porto D. António Francisco dos Santos e vai permitir retirar o trânsito rodoviário do tabuleiro inferior da Ponte de Luiz I, que passará a estar entregue aos peões e ao eléctrico. O investimento estimado é de 12 milhões de euros e a expectativa é que a obra esteja pronta daqui a quatro anos.

O anúncio foi feito em Gaia, no Laboratório Edgar Cardoso, aos pés da Ponte de São João, na manhã desta quinta-feira. Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, autarcas do Porto e Gaia, explicaram no que é que andavam a trabalhar há vários meses. A tão desejada e falada existência de uma nova ponte que ligasse as duas cidades à cota baixa vai surgir, não nos centros históricos, mas perto do que ambos classificaram como “territórios excluídos” junto ao Douro: Campanhã, do lado do Porto, e o Areinho, do lado de Gaia. “Também com este projecto estamos a dar um sinal que queremos uma outra dimensão para esta Zona Oriental”, disse Rui Moreira na fina da cerimónia.

A nova travessia vai, por isso, levar a uma transformação das zonas envolventes em ambas as margens, “mais evidente do lado de Gaia”, admitiu Eduardo Vítor Rodrigues, mas esse não é o único aspecto importante em termos de localização. É que o local escolhido para instalar a futura Ponte de D. António Francisco dos Santos já fica fora da zona classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, o que levou Rui Moreira a declarar, durante a apresentação do projecto: “Não precisamos de ninguém para fazer isto. Não precisamos do Ministério das Infra-estruturas, não precisamos do Ministério da Cultura”.

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E, segundo o autarca, também não serão necessários fundos comunitários. O investimento previsto de 12 milhões de euros, pago em partes iguais pelas duas autarquias será integrado nos orçamentos plurianuais de ambos os municípios. Eduardo Vítor Rodrigues, que viu as contas da Câmara de Gaia atingirem o equilíbrio no ano passado, garantiu que o município “terá condições para garantir o financiamento” de uma obra que é considerada “prioritária”.

A futura ponte, que sairá do Porto através de uma nova rotunda, será destinada ao trânsito rodoviário (privado e transportes públicos), pedonal e também de bicicletas, com a introdução de uma ciclovia. Quando estiver pronta, vai implicar uma outra mudança importante na circulação entre as duas cidades, já que passará a ser proibido ao trânsito rodoviário circular no tabuleiro inferior da Ponte de Luiz I.

Esse tabuleiro, que aguarda uma requalificação pela Infra-estruturas de Portugal há vários anos, passará a ser dedicado exclusivamente ao uso de peões e do eléctrico, que irá deixar de ser um meio de transporte exclusivo do Porto, estendendo-se à zona histórica de Gaia. A excepção será a eventual utilização por veículos de emergência ou da polícia, explicou Rui Moreira.

Para que tudo isto seja uma realidade falta ainda algum tempo, mas os trabalhos estão em curso e, apesar de serem ainda necessários estudos económicos e geológicos, que ajudarão ao desenho do caderno de encargos, a expectativa é que o concurso de concepção possa ser lançado antes do final deste ano, disse o presidente da Câmara do Porto. “Espero que apareçam soluções muito interessantes. Acreditamos que esta ponte será muito bonita”, disse o autarca, lembrando que a instalação de uma travessia nesta zona do rio não era propriamente uma novidade, uma vez que já fora pensada por Adão da Fonseca.

Depois do concurso de concepção, será necessário avançar com um concurso de construção e com a empreitada propriamente dita, pelo que a perspectiva dos autarcas é que Porto e Gaia tenham uma nova travessia “daqui a três anos e meio, quatro anos”, disse Rui Moreira. Com quase tudo ainda por definir, sobre como será a estrutura propriamente dita, uma coisa é certa: a cota mínima da ponte nunca será menor do que a do tabuleiro inferior da de Luiz I, para permitir o tráfego fluvial.

No final da cerimónia, em declarações aos jornalistas, Rui Moreira esclareceu ainda que esta nova travessia não introduz qualquer alteração ao futuro da Ponte de Maria Pia. Também aí, disse Moreira, está a ser desenvolvido um trabalho entre os dois municípios, para que a estrutura abandonada e sem uso desde que o comboio passou a circular pela Ponte de São João possa ter uma nova vida, como travessia exclusiva de peões e bicicletas. Uma espécie de “ecovia”, disse o presidente da Câmara do Porto, apesar de admitir que não gosta desse nome.

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