Sniper que disparou sobre palestiniano “merece uma medalha”, diz ministro israelita

O homem estava aparentemente desarmado e não parecia representar qualquer ameaça, de acordo com as imagens recolhidas num vídeo, que entretanto se tornou viral.

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Avigdor Lieberman, ministro da Defesa do Israel Reuters/BAZ RATNER

As imagens de um sniper a matar um palestiniano na fronteira da faixa de Gaza estão a circular e a causar controvérsia, depois de o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, ter dito que o soldado autor do disparo “merece uma medalha”.

Numa espécie de jogo de “tiro ao alvo”, os soldados israelitas discutem quem devem abater, junto ao que parece ser uma fronteira, onde um grupo de pessoas circula, sem sinal de qualquer ameaça aparente. “Atira no de cor-de-rosa”, diz um. “Cor-de-rosa não, estou a apontar para o de azul”, responde o outro. O tiro é disparado e o homem, que não aparenta estar armado, cai no chão. “Wow, que vídeo! Filho da mãe. Que vídeo!”, ouve-se na gravação, entre gritos eufóricos.

A gravação está a gerar várias críticas de políticos e activistas de direitos humanos.

Apesar de no vídeo se ouvir que o homem foi atingido na cabeça, o Exército israelita diz que a vítima palestiniana foi atingida na perna e estava a “orquestrar um motim”.

Num comunicado, as Forças de Defesa de Israel esclarecem que o incidente aconteceu a 22 de Dezembro de 2017, na comunidade israelita de Kissufim, junto à Faixa de Gaza. Numa declaração citada pela BBC, o exército diz que o vídeo “retrata uma pequena parte e é a resposta a um motim violento" onde foi disparada "uma única bala", depois que “várias tentativas para conter a violência terem falhado”.

Sem falar do sniper, a declaração das Forças de Defesa de Israel condena a recolha de imagens sem autorização e a distribuição da gravação, bem como os comentários que a acompanham.

O vídeo foi partilhado na imprensa israelita e o jornal Jerusalem Post comparou o ataque do vídeo ao caso de um médico militar condenado a 18 meses de prisão por ter morto um palestiniano, já incapacitado. Yehuda Glick, por exemplo, do partido Likud, considerou as imagens “perturbadoras e desapontantes”.

Na última semana, o fotojornalista palestiniano Yasser Murtaja foi baleado junto à fronteira de Gaza com Israel. Também na última sexta-feira pelo menos nove palestinianos foram mortos por snipers israelitas, que têm ordem para disparar com balas reais. 

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