Apartamento da Trump Tower que ardeu não tinha aspersores

O incêndio matou o inquilino que vivia no 50.º andar do edifício. Donald Trump foi um dos empresários que se opuseram à regra que tornava obrigatórios os aspersores em apartamentos residenciais, em 1999.

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O apartamento onde deflagrou o incêndio Reuters/AMR ALFIKY

O apartamento no 50.º piso da Trump Tower, onde deflagrou um incêndio no sábado passado que matou uma pessoa e feriu quatro bombeiros, não tinha aspersores nem detectores de fumo operacionais, avança a Associated Press. Donald Trump foi um dos empresários que se opuseram à obrigatoriedade de instalar aspersores de incêndio em blocos de apartamentos, nos anos 90, por considerar que se tratava de uma despesa desnecessária.

A Trump Tower, o edifício de luxo que serve de sede de empresa e de residência privada ao Presidente dos Estados Unidos, foi terminada em 1983, altura em que os aspersores ainda não eram obrigatórios nos apartamentos de habitação. Passaram a sê-lo em 1999, depois de dois incêndios mortais em arranha-céus de Nova Iorque; primeiro para os edifícios comerciais e para os novos edifícios residenciais, e depois para os blocos de apartamentos já existentes, que passassem por obras de remodelação – o que não era o caso da Trump Tower, com 58 andares.

Apesar dos pedidos dos defensores dos sistemas de segurança contra incêndios terem pedido que a regra fosse também aplicada a edifícios mais antigos, de forma retroactiva, o então presidente da Câmara de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, não cedeu. Para tomar a decisão, o presidente da câmara consultou alguns grupos de interessados, entre os quais se encontrava Trump. O magnata esteve entre os que pediram que não se aplicasse a lei de forma retroactiva, por achar desnecessário e demasiado caro – a medida acrescentaria quatro dólares por metro quadrado ao preço de um apartamento.

Mais tarde viria a mudar de ideias, porque reparou que a existência de aspersores fazia com que os inquilinos se sentissem mais seguros. Por isso, mandou instalá-los nos 350 apartamentos de outro edifício, o Trump World Tower, nos arredores da sede da ONU, escreve a AP. A empreitada custou-lhe 3 milhões de dólares, em 1999, mas ficou-se apenas por aquele edifício.

“As pessoas sentem-se mais seguras com os aspersores”, disse então Trump ao The New York Times. “O problema é que a medida não foi feita a pensar nos edifícios que mais precisam de aspersores. Se se olhar para as mortes por incêndios em Nova Iorque, percebe-se que quase todas aconteceram em casas com uma ou duas famílias”, disse.

O Departamento de Edifícios de Nova Iorque afirmou, no domingo, que a Trump Tower não tinha detectores de fumo operacionais e que os bombeiros foram notificados do incêndio pelos detectores de calor e pelo sistema de ventilação do prédio. Ainda não foram determinadas as causas.

Apartamento que ardeu continha três milhões em arte

O homem que morreu era Todd Brassner, de 67 anos, coleccionador de arte na bancarrota e antigo amigo de Andy Warhol. Brassner comprou o apartamento em 1996 e estaria a tentar vendê-lo desde 2016, altura da eleição de Trump, porque a actividade e a vigilância do prédio aumentaram. “Era como viver num acampamento armado”, disse Stephen Dwire, amigo de Bassner, ao The New York Times. A tentativa foi frustrada e forçou Brassner a viver no apartamento que estava a tentar vender.

De acordo com o mesmo jornal, o antigo coleccionador (afastado do negócio por problemas de saúde debilitantes) tinha peças de arte avaliadas em mais de três milhões de dólares dentro do apartamento, incluindo um retrato seu pintado por Warhol. Ainda não se sabe em que estado ficaram as peças, mas, de acordo com as declarações de Daniel Nigro, responsável dos bombeiros de Nova Iorque, o apartamento estava completamente em chamas quando os bombeiros chegaram.

A Trump Tower está situada na Quinta Avenida, em Nova Iorque, próxima do Central Park. Era aqui a residência e os escritórios de Donald Trump até se mudar para a Casa Branca, em Janeiro de 2017. Nenhum membro da família de Trump, que tem um apartamento no último andar da torre,? estava no edifício durante o incêndio. 

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