Marcelo diz que “milagre português” é resultado do “sacrifício de todos”

Em entrevista ao jornal La Voz de Galicia, o Presidente da República atribui ainda os bons resultados ao anterior e ao actual Governo.

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Marcelo Rebelo de Sousa espera que o país não esqueça as tragédias dos incêndios do ano passado PAULO PIMENTA

Marcelo Rebelo de Sousa recusa-se a atribuir o “milagre” da recuperação económica de Portugal a um governo e diz que ele é o resultado sacrifício de todos os portugueses. Numa entrevista ao jornal La Voz de Galicia, a poucos dias de uma visita oficial a Espanha, o Presidente da República diz que a sua relação com o primeiro-ministro, António Costa, não mudou depois dos incêndios do ano passado e que é importante que a opinião pública não deixe cair o assunto.

Questionado pela correspondente em Portugal do jornal galego sobre o “milagre” da recuperação económica de Portugal – que fechou o ano passado com um défice público de 0,9% – Marcelo Rebelo de Sousa não o quis atribui a um governo, mas ao esforço de todos os portugueses.

“É um milagre em dois tempos. A primeira fase foi o período crítico em que os portugueses souberam sofrer sacrifícios muito pesados, os funcionários públicos, os reformados, os trabalhadores do privado, todos em geral, durante quatro anos. Houve uma primeira fase sem a qual não era possível a segunda fase. Mérito, há que dizê-lo do Governo anterior, de Passos Coelho. Alguém tinha de enfrentar aquela situação, tomar medidas muito impopulares, correr o risco de ser penalizado, mas não havia outra solução. O milagre começou aí, não começou em 2015 ou 2016”, afirmou.

Houve uma segunda fase, acrescentou. “Quando se esperava que um novo Governo, com uma composição oposta à anterior e apoiado por partidos que tinham uma posição muito crítica em relação ao período anterior, viesse romper com o caminho de recuperação das finanças públicas; isso não aconteceu. Houve essa determinação, mérito do primeiro-ministro António Costa e do seu Governo e dos partidos que apoiam o Governo”, precisou, sublinhando que isso foi “sinal de uma grande maturidade política”.

Na entrevista publicada neste domingo, o Presidente da República negou que a sua relação com o primeiro-ministro se tenha degradado após os incêndios de Junho e de Outubro do ano passado. “A minha relação com o primeiro-ministro sempre foi boa e igual”, garantiu.

“Estou permanentemente em contacto com o chefe do Governo, não apenas nas audiências semanais, nos bons e nos maus momentos, como foi o caso das tragédias dos incêndios”, frisou.

O Presidente da República, justificou a intervenção pública após os incêndios de 15 de Outubro, exigindo uma reacção do Governo na resposta às fragilidades que levaram a que a tragédia de Pedrógão Grande se repetisse nos incêndios de Outubro, e que levou à demissão da ministra da Administração Interna. “Foi necessário porque a opinião pública estava perplexa, desorientada e esperava uma palavra do Presidente, clarificando a sua visão e dizendo em voz alta o que muitos portugueses pensavam”, afirmou ao jornal galego.

Quanto ao futuro, Marcelo acredita que a lição foi aprendida e que “não voltará a acontecer algo semelhante em Portugal”. E deixou um alerta para que a opinião pública não deixe cair o tema, porque “a memória é curta”.

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