Facebook não se compromete a expandir regras europeias de privacidade

Mark Zuckerberg diz que concorda “em teoria” com o aumento do controlo na Europa, mas os detalhes ainda estão a ser discutidos.

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As mudanças incluem explicar que o Facebook é o dono do Instagram, WhatsApp, Oculus e Messenger LUSA/Alberto Estevez

O Facebook está a aumentar o controlo da privacidade dos seus utilizadores na Europa, mas não se compromete a expandir as actualizações a nível global. Tal como outras empresas de tecnologia a funcionar na União Europeia, a rede social está a reformular as suas políticas de dados, em antecipação do novo Regulamento Geral sobre Protecção de Dados (RGPD). Trata-se de um conjunto de regras sobre a transmissão de informação electrónica que visa proteger a informação pessoal dos utilizadores e que entrará em vigor a 25 de Maio.

Em conversa com a agência Reuters, Mark Zuckerberg diz que concorda “em teoria” com o aumento do controlo, e que partes das novas regras passarão a ser globais. Porém, não esclarece quais. Com o RGPD, os europeus passam a ter o direito de saber quais os dados que as empresas guardam sobre si, e se querem que sejam apagados permanentemente. 

“Ainda estamos a discutir os detalhes disto”, admite Zuckerberg aos jornalistas da Reuters“E a maioria das coisas que nos exigem aqui [com o RGPD] são coisas que já usamos há anos em todo o mundo, para todos." Deu como exemplo a possibilidade de pedir à empresa para apagar todos os dados que tem de um utilizador, sem ser necessário apagar a conta. 

Recentemente, o fundador do Facebook tem concedido várias entrevistas a órgãos de comunicação social (algo com que era mais comedido no passado) numa tentativa de melhorar a imagem e esclarecer os seus utilizadores sobre o escândalo do uso de dados de milhões de utilizadores pela consultora Cambridge Analytica. É um dos motivos que leva vários reguladores norte-americanos a pressionar a rede social a aplicar as novas políticas europeias nos EUA (o sucesso tem sido limitado). 

A dificuldade em encontrar informação escrita numa linguagem simples e acessível é um dos problemas que a rede social deve resolver.

Esta quarta-feira, a empresa também voltou a actualizar a sua política de dados. É a terceira vez que o faz desde o início de 2018. “O objectivo é tornar tudo muito mais claro. O Facebook não está a pedir novos direitos”, lê-se no comunicado enviado à comunicação social.

Parte das mudanças inclui garantir que as pessoas sabem que a aplicação de mensagens WhatsApp, a empresa de realidade virtual Oculus, os serviços Messenger e o Instagram fazem todos parte da mesma empresa, que utiliza a mesma política de dados. 

O maior impacto do RGPD, porém, deverá ser ao nível da receita dos anúncios segmentados. É uma área que já sofreu uma derrocada este ano. No final de Março – com o eclodir do escândalo com a consultoria Cambridge Analytica – a rede social anunciou que vai eliminar todas as parcerias que tem com empresas de consultoria de dados nos próximos meses. Isto quer dizer que quem cria anúncios na rede social já não vai poder cruzar a informação disponível no Facebook, com dados recolhidos por empresas de marketing especializadas sobre o comportamento das pessoas offline (por exemplo, o histórico de compras ou a propriedade de habitação).

As acções do Facebook caíram 15% desde o eclodir do caso, mas o número de utilizadores mantém-se praticamente inalterado, de acordo com Zuckerberg.

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