Velejador inglês John Fisher dado como “perdido no mar”

Colega de equipa do português António Fontes caiu à água no oceano Pacífico e está desaparecido. Organização da Volvo Ocean Race diz que a tripulação da Scallywag “fez tudo o que era possível para recuperar” o britânico.

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EPA/JEREMIE LECAUDEY - VOLVO OCEAN RACE

Oficialmente, a Volvo Ocean Race (VOR) afirma que John Fisher está “perdido no mar”, mas as esperanças de encontrar com vida o tripulante da Scallywag, que se encontra desaparecido desde o início da tarde de segunda-feira, são nulas. O velejador, de 47 anos, que participava pela primeira vez na VOR, caiu ao mar numa localização remota do oceano Pacífico, quando as condições meteorológicas eram muito adversas: vento de 35 nós (mais de 60km/h) e ondas de seis metros. Segundo a equipa de Hong Kong, da qual faz parte o português António Fontes, no momento da queda o velejador “usava o equipamento de segurança”, mas, com a baixa temperatura da água no local (nove graus), o tempo de sobrevivência é muito reduzido.

Durante cerca de dez horas, a tripulação da Scallywag procurou de forma “exaustiva” John Fisher, mas com “o agravamento das condições meteorológicas e o cair da noite”, a “equipa tomou a difícil decisão de dirigir-se para terra, a 1200 milhas náuticas de distância”. Numa curta nota, publicada ontem ao início da manhã, a Sun Hung Kai & Co, principal patrocinador da Scallywag, reconheceu que pouco mais havia para fazer na tentativa de resgatar o velejador com vida e, perante a “tragédia”, adiantou estar “a trabalhar com a Volvo Ocean Race para providenciar” à família do inglês “todo o apoio possível”.

Poucas horas mais tarde, Richard Brisius, CEO da VOR, emitiu um comunicado em que admitiu que, “dada a temperatura da água e o estado extremo do mar, juntamente com o tempo que passou desde que caiu”, deve-se “presumir que John foi perdido no mar”. O sueco, que no final do ano passado assumiu a liderança da prova, disse ainda que a tripulação da Scallywag está “emocional e fisicamente exausta”.

Contactado pelo PÚBLICO, Rodrigo Moreira Rato, responsável pela comunicação da VOR em Portugal, referiu que um “cargueiro que estava 400 milhas a norte quando houve o incidente” continuava ontem “a dirigir-se para o local”. “Há dois sistemas no equipamento de sobrevivência que emitem um sinal de geolocalização. O navio tentará resgatar o corpo e entregá-lo às autoridades do país mais próximo.” Sobre o que terá falhado na operação de resgate, Moreira Rato adverte que “ninguém sabe em que condições o velejador caiu ao mar”: “Entre ser varrido por uma vaga e cair, há vários equipamentos onde pode ter batido. O intervalo entre a queda e o momento em que perceberam que houve a queda pode ter sido grande. Mesmo que tenham percebido no momento, o barco não consegue travar e a velocidade era grande”, adianta.

Apesar de a tripulação da Scallywag ter revelado que Fisher estava equipado com o equipamento de sobrevivência, que tem incorporado dois sistemas de segurança que emitem um sinal, localizar o velejador no mar após a queda é uma missão extremamente complicada. “O controlo da corrida [localizado em Alicante] tem acesso ao sinal e consegue comunicar em permanência com o barco, mas esse sinal é por radiofrequência e pode não ser constante. Se tiver, por exemplo, variações de 10 segundos, com ventos de 60km/h e ondas de seis metros, é muito complicado”, sublinha.

Sobre o que pode ser feito para que, no futuro, as operações de resgate tenham mais sucesso, Rodrigo Moreira Rato diz que a solução pode estar em Portugal. “Uma das inovações tecnológicas que podem ser colocadas em prática a curto prazo na VOR são as bóias U-Safe da Noras Performance que, em situações como esta, podem ser decisivas. A bóia, com tecnologia de última geração, em caso de naufrágio ou queda acidental de um membro da tripulação, pode ser accionada por controlo remoto e guiada por GPS até ao náufrago. Esta solução feita e idealizada em Portugal pode ser nuclear na evolução dos meios de busca e salvamento marítimo”, conclui.

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