Como melhorar o bem-estar de médicos e enfermeiros? SNS vai ter plano de acção

No âmbito da comemoração do Dia Internacional da Felicidade, Ministério quer criar condições que permitam que o trabalho no Serviço Nacional de Saúde "seja revelador de experiências positivas".

Foto

Com o objectivo de melhorar o “bem-estar no trabalho” dos 130 mil funcionários do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente médicos e enfermeiros, um grupo de peritos acaba de ser encarregado de delinear em dois meses um plano de acção com orientações e medidas para a conciliação da vida pessoal com a vida profissional e a promoção de estilos de vida saudáveis dos profissionais, entre outras dimensões.

Invocando o Dia Internacional da Felicidade, a secretária de Estado da Saúde, Rosa Matos Zorrinho, constituiu, por despacho nesta terça-feira publicado no Diário da República, o grupo de trabalho que tem sete elementos e 60 dias para apresentar uma proposta de plano de acção para “a melhoria dos indicadores de bem-estar das pessoas que trabalham nos organismos e entidades” do SNS.

“Recentemente, durante o World Government Summit, Portugal fez parte do grupo fundador de países que subscreveu a Declaração Conjunta da Coligação Global para a Felicidade, com o intuito de promover o desenvolvimento e bem-estar social”, recorda a governante no preâmbulo do despacho. Neste contexto, o Ministério da Saúde quis associar-se à comemoração do Dia Internacional da Felicidade e iniciar um trabalho “que contribua de forma clara para este desígnio”.

O despacho surge uma semana após a divulgação de um estudo (do Instituto de Ciências da Saúde) que revela que um em cada cinco enfermeiros diz sentir sintomas de depressão grave e depois de uma greve de dois dias convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

Também na classe profissional dos médicos, que têm uma nova paralisação de três dias prevista para Maio, a situação não será a melhor, a crer no último estudo sobre burnout  (stress profissional crónico) promovido pela Ordem dos Médicos e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e divulgado no final de 2016. Segundo este inquérito, dois terços dos médicos estarão em elevado estado de exaustão emocional. Sobre os outros grupos profissionais do SNS não se conhecem trabalhos de investigação.

A felicidade e a produtividade

Sem aludir a protestos ou a estudos sobre os trabalhadores do SNS, o Ministério da Saúde admite agora que há um trabalho a fazer para melhorar a satisfação no trabalho. “Os resultados das pesquisas desenvolvidas sobre este tema evidenciam uma ligação directa entre o bem-estar das pessoas, a sua felicidade e a produtividade no trabalho que realizam”, argumenta Rosa Zorrinho. “Também tornam claro que a satisfação das pessoas aumenta o seu nível de comprometimento com a missão das organizações e de envolvimento nas suas actividades”, acrescenta.

Para que isto se torne realidade, prossegue a governante, devem ser criadas nas organizações condições que permitam que o trabalho "seja revelador de experiências positivas, que a vida pessoal e profissional possam conciliar-se sem rupturas e que o valor social do trabalho realizado se traduza em significado e aumente o sentimento de pertença às instituições e à finalidade de servir os cidadãos”.

Além de um elemento do gabinete da Secretária de Estado, este grupo conta com representantes de vários organismos (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Administração Central do Sistema de Saúde e Direcção-Geral da Saúde), um perito indicado pela Ordem dos Psicólogos e especialistas em Medicina do Trabalho e em Saúde e Segurança no Trabalho. 

Com luz verde para auscultar outras pessoas e organizações, os especialistas ficam ainda encarregados de construir uma metodologia de acompanhamento e avaliação da execução das medidas que venham a ser postas em prática e de elaborar um plano de comunicação deste projecto.

Sugerir correcção
Comentar