Associações militares e de polícia jogam última cartada em Belém

Depois de baterem à porta dos ministérios da Defesa e da Administração Interna e do primeiro-ministro a reinvindicar negociações para o descongelamento das carreiras, a plataforma de oito associações reuniu-se com assessoras do Presidente da República. A 9 de Abril decidem se os protestos saem à rua.

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Os militares e as forças de segurança estão "esperançados" na capacidade de influência do Presidente da República xx direitos reservados

A plataforma de oito associações da PSP, GNR e Forças Armadas que tem estado a tentar negociar com o Governo o descongelamento das carreiras esteve esta terça-feira reunida com duas assessoras do Presidente da República, naquele que é apresentado como o quarto e último passo do processo de diálogo para fazer “fazer cumprir o Orçamento do Estado”. Depois de terem tentado abrir o processo negocial separadamente com os ministérios da tutela – Defesa e Administração Interna – e de terem entregado em mãos uma moção ao primeiro-ministro, sem resultados práticos, resta agora a esperança em Belém.

Horas depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter afirmado, em visita às tropas em missão na República Centro-Africana, que os militares portugueses são “os melhores do mundo”, os profissionais dos serviços de segurança e das Forças Armadas estão “esperançados que o Presidente da República possa influenciar o Governo no sentido de que se cumpra a lei”, nas palavras do coronel António Mota, presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA).

“Foi a derradeira tentativa para tentar abrir o processo de negociações a que se refere o artigo 19º da Lei do Orçamento do Estado, após a qual, se não tivermos uma resposta positiva, não nos resta outra solução senão ir para protesto”, afirmou ao PÚBLICO Paulo Rodrigues, presidente da Associação dos Profissionais de Polícia/PSP. “Estamos neste processo de boa-fé, não temos nada na manga”, acrescenta António Mota, adiantando porém que a plataforma volta a reunir-se a 9 de Abril para fazer o ponto de situação e decidir. “Se até lá não formos chamados para negociações, o diálogo está comprometido”.

“Nós não queremos ir para protesto”, afirma Paulo Rodrigues, tal como António Mota – “Não está no nosso ADN irmos para a rua”. Mas a hipótese está já bem presente nas cabeças dos dirigentes associativos, que não têm gostado de ser negligenciados em matéria de descongelamento de carreiras enquanto outras classes profissionais, como os professores ou os guardas prisionais, vão conseguindo levar as suas reivindicações a bom porto.

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