Testemunha esquiva-se a esclarecer juízes

Podia ter contribuído para o apuramento da verdade, mas esquivou-se a muitas das perguntas que lhe fizeram esta terça-feira de manhã os juízes da Operação Fizz.

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De acordo com o Ministério Público, uma empresa do universo da Sonangol, a Primagest, fez um contrato fictício de prestação de serviços com o principal arguido do processo, o ex-procurador Orlando Figueira REUTERS/Siphiwe Sibeko

Na qualidade de advogado, o angolano N’Gunu Tiny foi quem em 2011 intermediou a venda de parte da empresa portuguesa de engenharia Coba a investidores angolanos. Na altura foi anunciado oficialmente à comunicação social que tinha sido a petrolífera estatal angolana Sonangol quem comprou uma "participação qualificada" na empresa. Mas terá sido mesmo assim? Uma das testemunhas já ouvidas neste julgamento garantiu que o nome da Sonangol só foi usado para dar credibilidade à transacção, e N’Gunu Tiny também o deu a entender. Nunca o disse de forma taxativa, escudando-se repetidas vezes no sigilo profissional para não entrar em grandes explicações.

Esta questão revela-se importante porque, de acordo com o Ministério Público, uma empresa do universo da Sonangol, a Primagest, fez um contrato fictício de prestação de serviços com o principal arguido do processo, o ex-procurador Orlando Figueira, para arranjar um álibi para lhe pagar luvas por conta de este ter arquivado uma investigação judicial em que era suspeito o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente, que antes de ir para o Governo dirigiu a petrolífera estatal. Saber se a Primagest esteve ou não ligada à Sonangol é por isso essencial. Os advogados dos arguidos garantem que não, que a empresa fazia era parte do universo do Banco Privado Atlântico, do banqueiro angolano Carlos Silva.

N’Gunu Tiny começou por assegurar que, embora tenha prestado serviços jurídicos à Sonangol durante vários anos, no negócio da Coba apenas representou o Banco Privado Atlântico. Confrontado, porém, pelos juízes com documentos que indiciam o contrário acabou por admitir que também pode ter representado a Primagest. “Sim, nesse documento está a minha assinatura. Não me recordava”, acedeu. Para logo a seguir voltar a esquivar-se: “De quem era a Primagest? Não sei, apenas me deram uma procuração para a representar.”

 

 

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