Sócrates vai a Coimbra falar de economia no mesmo dia em que há manifestação de estudantes

Antigo primeiro-ministro é o quinto convidado de um ciclo de conferências organizado pelo Núcleo de Estudantes de Economia da Associação Académica.

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José Sócrates está de regresso à universidade para falar de economia lm miguel manso

O projecto europeu depois da crise económica é o tema que o antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates vai abordar, esta quarta-feira, numa conferência marcada para o início da tarde no auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

Quase à mesma hora da conferência vai decorrer uma manifestação dos estudantes universitários de Coimbra com todos os núcleos (26) e a direcção-geral da Associação Académica de Coimbra contra o aumento das propinas e do regime fundacional, que parte da porta principal da Faculdade de Direito de Coimbra.

Depois de Passos Coelho, Teodora Cardoso, Marques Mendes e Jorge Coelho, o antigo primeiro-ministro é o quinto orador do ciclo de conferências, promovido pelo Núcleo de Estudantes de Economia da Associação Académica de Coimbra.

O antigo primeiro-ministro, que será orador único, regressa à universidade para explicar a estudantes de Economia o “projecto europeu depois da crise económica”.

O presidente do Núcleo de Estudantes Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Simão Carvalho, reconhece que o facto de José Sócrates estar envolvido num caso judicial (Operação Marquês) suscita alguma controvérsia, mas nota que o antigo primeiro-ministro “é uma figura incontornável do panorama político português” e tem “um vasto conhecimento sobre política europeia e política europeia”. 

"Tendo em conta o tema da conferência, era pertinente não ouvirmos um antigo primeiro-ministro que estava no poder quando a crise rebentou", argumenta Simão Carvalho, em declarações ao PÚBLICO. De resto, considera que “a estratégia que ele desenvolveu para sair da crise deve ser transmitida aos estudantes” e acrescenta que o objectivo da conferência é “complementar a formação dos estudantes numa área que é pouco explorada pela licenciatura”.

O regresso de Sócrates às conferências coincide com a quarta edição da iniciativa, denominada “Economia Hoje. Futuro Amanhã”, que se estreou em Fevereiro com o ex-primeiro-ministro e ex-presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, que falou sobre o Orçamento de Estado para 2018.

Para a segunda iniciativa, foram convidados o antigo ministro do PS das Obras Públicas, Jorge Coelho, e o antigo presidente social-democrata e comentador político, Marques Mendes, que fizeram um balanço do Governo de António Costa, que tem o apoio dos partidos à esquerda do PS. A terceira convidada foi a presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, que dissertou sobre a evolução do sistema bancário.

Para a organização, este ciclo de conferências tem um único propósito: “Proporcionar aos estudantes participantes uma formação extracurricular para que estes sejam capazes de se desafiarem a si próprios e transcenderem as suas capacidades”.

O convite ao antigo primeiro-ministro, a quem são imputados 31 crimes, foi alvo de críticas nas redes sociais. António Capucho, que sucedeu a Rui Rio na secretária-geral do PSD quando Marcelo Rebelo de Sousa era líder do partido, e o deputado, Carlos Abreu Amorim, não deixaram de se pronunciar sobre a iniciativa.

O presidente de Núcleo de Estudantes de Economia diz que estava preparado para as críticas nas redes sociais, respondendo que aconteceu o mesmo com Passos Coelho. "Os nossos representados estão, efectivamente, felizes por terem a oportunidade de ouvir um antigo primeiro-ministro que enfrentou a crise na sequência da falência do Lehman Brothers", justifica Simão Carvalho.

Há três semanas, o Tribunal da Relação rejeitou o pedido feito pela defesa de José Sócrates no caso da Operação Marquês para que o juiz, Carlos Alexandre, fosse afastado do processo.

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