Regresso da Modelo Continente à bolsa pedida por investidores

Paulo Azevedo, sem nunca admitir que a Modelo Continente poderá ir para a bolsa, reconhece que esta é uma das formas de “crescer mais rapidamente num determinado negócio”

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Nélson Garrido

O interesse dos investidores em ter uma maior exposição no mercado à área de retalho foi a razão que levou a Sonae a iniciar o processo de dispersão em bolsa de uma empresa deste sector. E que muito provavelmente será a Modelo Continente. É assim que Paulo Azevedo, chairman e co-CEO da Sonae, justifica o anúncio feito ao mercado de que vão começar a avaliar esta possibilidade, insistindo logo de seguida que não poderia dar nenhuma resposta concreta porque, “na verdade, só agora é que o assunto vai começar a ser estudado”, repetiu Paulo Azevedo, escusando-se inclusive a adiantar qual o timing para o anúncio da decisão. De qualquer das formas, o grupo (dono do PÚBLICO) já decidiu avançar com o processo de contratação de bancos de investimento.

Depois de várias perguntas sobre este tema, deixaram ainda mais uma certeza, revelada pelo co-chairman Ângelo Paupério: a Sonae não deixará de ser maioritária no capital. Paulo Azevedo ainda esclareceu que não se tratará de um spin-off, como aconteceu com a Sonae Capital e a Sonae Industria. De resto, “está tudo por estudar”,

Paulo Azevedo admitiu que já nem se lembrava bem das razões que levaram à decisão pela saída de bolsa da Modelo Continente em 2006. Mas ainda de lembra que tinham sócios e que “a coisa complicou-se”. Garante que a empresa é, 12 anos depois, muito diferente. “E os mundos também são diferentes”, rematou.

Perante a insistência dos jornalistas, Paulo Azevedo adiantou que são as regras do mercado que obrigaram a Sonae a avisar da intenção de abrir o dossiê - “as regras dizem que devemos falar antes de pensar”, brincou Paulo Azevedo, para logo de seguida justificar que é para evitar especulações que os processos devem ser feitos assim. “Não vamos estudar sozinhos. Temos de ter parceiros, nomeadamente na banca de investimento. E estas regras são para evitar especulações”, conclui.

Nas outras áreas de negócio as perspectivas para 2018 são de crescimento. Na distribuição, através de lojas de proximidade e das novas “avenidas de crescimento”, como são os produtos orgânicos e biológicos que, segundo Paulo Azevedo, tiveram um crescimento espectacular em 2017. “Estes números deixam-nos particularmente satisfeitos, porque significam a confiança dos clientes”, afirma. Neste domínio, destacou ainda o crescimento nas clínicas Dr Wells e na internacionalização, particularmente através do negócio grossista.

Na Worten, a grande aposta é no digital e no conceito omnicanal, aquele em que a Sonae acredita que vai continuar. Na área do desporto e moda, Paulo Azevedo confessou alguma frustração por não ter conseguido ainda melhorar a rentabilidade de algumas marcas, com destaque para a Salsa. “Mas ponho a cabeça no cepo que os resultados aparecerão em 2018, por força do trabalho realizado em 2017”, afirmou. Neste domínio também destacou a parceria em África.

Na Sonae Invest Managment o foco também é de forte crescimento orgânico, que pode passar por investimento em novas aquisições.

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