YouTube vai usar a Wikipedia para combater teorias da conspiração

Os vídeos vão passar a estar acompanhados de links para artigos da Wikipedia. O objectivo é permitir que as pessoas continuem a ver os vídeos que quiserem mas que não fiquem limitadas às alegações neles contidas.

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Uma das teorias da conspiração populares no Youtube é a sugestão de que o homem nunca chegou à Lua Reuters/HANDOUT

As teorias da conspiração discutidas em muitos dos vídeos do YouTube vão passar a estar automaticamente acompanhadas de informação factual sobre o tema e de links para artigos da Wikipedia, a enciclopédia online colaborativa. O objectivo é impedir a proliferação de informação falsa ou de fraca qualidade a partir de conteúdo partilhado na plataforma de vídeos, o que tem sido um desafio para o YouTube.

Exemplo desse problema foi o que aconteceu em Fevereiro, depois do tiroteio numa escola em Parkland, estado norte-americano da Florida. O vídeo mais falado do YouTube era uma teoria da conspiração a sugerir que os sobreviventes eram actores contratados pelas autoridades dos EUA para criticar a política de porte de armas em vigor no país. Foi visto mais de 200 mil vezes antes de ser removido. Antes disso, a notícia do massacre numa igreja do Texas que vitimou 26 pessoas, em Novembro de 2017, foi acompanhada de vários vídeos a sugerir que o responsável pelo ataque estava associado a movimentos anti-fascistas e de extrema-esquerda. Tudo sem bases factuais a acompanhar as alegações, que eram falsas.

Agora, o YouTube tem uma proposta para tentar resolver parte do problema. “Vamos mostrar uma caixa adicional ao lado do vídeo com informação da Wikipedia sobre o acontecimento", disse a directora executiva da plataforma, Susan Wojcicki, numa apresentação durante o festival de tecnologia SXSW, em Texas, nos EUA. "O nosso objectivo é começar uma lista das teorias da conspiração na Internet que são muito discutidas no YouTube." Um dos exemplos dados é a sugestão de que o homem nunca pisou a Lua e que tudo se trata de um estratagema inventado pela NASA. Com a actualização, esse hipotético vídeo passaria a estar acompanhado de uma caixa de informação complementar da Wikipédia. “As pessoas vão poder continuar a ver esses vídeos, mas agora vão ter acesso a informação adicional”, acrescenta Wojcicki. 

A mudança vai começar por se notar em teorias da conspiração mais antigas, com o foco em teorias da conspiração sobre conteúdo histórico ou científico. A própria Wikipédia admite que não é a melhor plataforma para lidar com informação de última hora. “A Wikipédia é uma enciclopédia, não é um jornal”, lê-se numa página de sugestões dedicada ao tema. “Geralmente, as fontes de confiança tornam-se menores com a confusão e a rapidez em torno de notícias de última hora.”

O YouTube avança apenas que a Wikipédia não vai ser a única a contribuir com informação. O PÚBLICO contactou a empresa para saber quem seriam os restantes parceiros, mas não foi revelada informação adicional.

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