DGS declara surto de sarampo: sete casos confirmados e outros 24 sob investigação

Directora-geral da Saúde afirma que a situação no Porto "configura a existência de um surto". Cinco novos casos foram confirmados esta quarta-feira. São todos funcionários ligados ao Hospital de Santo António. Dos quatro casos internados, um está em situação clínica instável.

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Paulo Pimenta

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou ao PÚBLICO a existência de sete casos de sarampo. Destes, dois já tinham sido noticiados na terça-feira e os restantes cinco foram confirmados esta quarta-feira. Há ainda três casos suspeitos que deram negativo. Quatro doentes estão internados, um deles em situação clínica instável.

Até às 21h desta quarta-feira, segundo informou a Direcção-Geral de Saúde (DGS) em comunicado, o Hospital de Santo António tinha reportado 32 casos suspeitos. Destes, "oito foram já testados laboratorialmente no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, cinco dos quais foram confirmados como casos de sarampo", explica o comunicado. No total, 24 continuam sob investigação.

Os casos confirmados fazem todos parte do grupo de profissionais do Hospital de Santo António, no Porto, que estavam em investigação, confirmou Graça Freitas, explicando que “são sobretudo enfermeiros, mas também médicos e assistentes operacionais.” Graça Freitas adiantou que três doentes estão internados no Hospital de Santo António, sendo que num dos casos a situação clínica é considerada instável.

"A presente situação na região Norte configura a existência de um surto", afirma a DGS em comunicado na noite desta quarta-feira. A investigação epidemiológica está a decorrer, para apurar qual terá sido o ponto de contágio. Suspeita-se que terá sido um doente estrangeiro que foi tratado numa outra unidade hospitalar.

“Há profissionais do Hospital de Santo António que prestam cuidados noutras unidades e que terão prestado cuidados na unidade onde o doente infectado com sarampo foi tratado”, explicou a directora-geral da Saúde, acrescentando que todas as medidas de controlo e de prevenção, como a vacinação das pessoas próximas aos doentes, estão a ser tomadas.

Graça Freitas apela ainda a quem suspeite que possa estar doente – os sintomas possíveis são exantema (rubor) cutânea, febre, mialgias e cansaço – para não se dirigir directamente às urgências por causa do elevado risco de contágio. “Devem ligar para o SNS 24 (808 24 24 24), falar com o médico assistente ou com o enfermeiro de família” que darão as indicações sobre o que fazer e aonde se dirigir.

“Esta é uma doença muito contagiosa. Esta situação está a acontecer na região Norte, uma região com alta taxa de cobertura vacinal – acima dos 98%. É das maiores em qualquer país do mundo, o que mostra que basta existirem alguns não vacinados para termos o surgimento de casos. Faço um apelo grande à vacinação. É a melhor forma de evitar surtos e de os controlar”, disse a responsável, lembrando a existência de vários surtos de sarampo que se registam neste momento na Europa.

Os doentes até agora confirmados são jovens adultos e fazem parte da faixa etária que tem sido alvo de maiores recomendações de vacinação por parte da DGS (30 – 45 anos). “São aqueles que não tiveram contacto com a doença ou que não têm elevadas taxas de cobertura. Estamos sempre a fazer campanhas de apelo à vacinação e nos últimos meses tivemos mais 40 mil vacinados, sobretudo destas faixas etárias, por repescagem”, adiantou Graça Freitas.

Dois surtos no ano passado

No ano passado, a epidemia de sarampo – que teve dois surtos com origens diferentes, um em Lisboa e outro no Algarve - começou em Fevereiro de 2017 e só foi dada como controlada em Junho. Morreu uma jovem de 17 anos e 56 pessoas foram infectadas.

A jovem, infectada no Hospital de Cascais, não estava vacinada. Terá morrido na sequência de uma pneumonia bilateral, depois de ter sido transferida para o Hospital Dona Estefânia. Um inquérito aos casos de sarampo na unidade de Cascais acabou por concluir que o hospital foi eficaz a controlar a infecção.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2017, foram registadas 35 mortes em 50 países da região europeia. A Roménia é o país que apresenta maior número de casos registados, seguem-se a Itália e a Grécia.

Notícia editada às 21h50, corrigindo o número de casos em investigação de 32 para 24.

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