Ministro da Educação apela a que se leia "melhor e mais profundamente"

Para assinalar a Semana da Leitura, que termina nesta sexta-feira, Tiago Brandão Rodrigues defendeu que "é preciso libertar os livros desse incómodo de estarem parados".

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O ministro da Educação na festa literária de Nelas Nuno Ferreira/ Lusa

O ministro da Educação foi nesta sexta-feira a Nelas, distrito de Viseu, assinalar a Semana da Leitura, e deixou o desejo de se "ler melhor e mais profundamente", num evento onde foi "autuado" por "leitores do fraque".

"Temos que ler mais, melhor e mais profundamente", defendeu Tiago Brandão Rodrigues, que, no último dia da Semana da Leitura, participou ao final da manhã na Elos - Festa Literária de Nelas, este ano subordinada ao tema "Terra Queimada, Palavra Semeada".

Segundo o governante, "nunca se leu tanto", seja crónicas ou notícias de jornais, nas no entanto "nunca se leu tão pouco profundamente".

"É preciso voltar a dedicarmo-nos aos clássicos, tendo sempre abertura para os novos formatos e para novas leituras, mas nunca esquecendo as crónicas romanceadas do Aquilino [Ribeiro, escritor natural da região] ou outras aventuras e sagas que temos nesta região, no país e na literatura mundial", defendeu Tiago Brandão Rodrigues, considerando que tem de se encarar as bibliotecas como "locais de trabalho, locais de prazer, locais de discussão".

"Esta Semana [da Leitura] diz, de forma importante, para libertarmos o leitor ou a leitora que há em cada um de nós. Mas o grande desafio é ir mais longe, é poder desempoeirar e libertar os livros que existem nas nossas bibliotecas, naquele café onde há uma estante com livros, ou nas bibliotecas que temos em casa. É preciso libertar os livros desse incómodo de estarem parados, se calhar há muito tempo, sem uso", vincou durante um breve discurso.

Durante a participação na Festa Literária de Nelas, para além de assistir a actuações do grupo de teatro e de música do agrupamento local, Tiago Brandão Rodrigues ainda foi "autuado".  

À chegada ao edifício multiusos de Nelas, o ministro da Educação foi recebido por dois homens, que vestiam de forma irrepreensível um fraque com chapéu alto. "São da oposição?", perguntou o governante. Não eram. "Somos os leitores do fraque - cobramos leituras para quem está em dívida com os livros e a leitura", explicaram Roger Bento e André Ferreira.

Perante a informação, Tiago Brandão Rodrigues esclareceu que tem a leitura "quase sempre em dia", mas assegurou que tem "um crédito da infância que vocês nem imaginam".

No entanto, antes da resposta já recebia a "factura" - dois poemas de Fernando Guimarães e de Sophia de Mello Breyner que teria de ler durante "oito dias, três vezes por dia".

"Fui autuado duas vezes por eles, independentemente do que tenho vindo a ler nos últimos tempos. São verdadeiros cobradores do fraque, porque actuam primeiro e só depois é que perguntam", frisou o governante.

Antes de se deslocar ao Centro Escolar de Nelas, Tiago Brandão Rodrigues ainda foi convidado a plantar um livro que tinha sementes no papel.

"A leitura é a ferramenta absolutamente primeira para fomentar o acesso a todos os cidadãos - e desde a mais tenra idade - à pluralidade do conhecimento e à infinita riqueza da cultura", escreveu o governante no livro.

Em declarações aos jornalistas, no final da visita, Tiago Brandão Rodrigues apontou como prioridades a requalificação dos espaços escolares, o desenvolvimento da educação pré-escolar, o ensino profissional “e uma aposta muito, muito marcada na inclusão para que a escola seja verdadeiramente acessível a todos".

 

 

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