Escritor brasileiro Victor Heringer morre aos 29 anos

Poeta de Automatógrafo e autor do premiado romance Glória, era considerado uma das vozes mais relevantes da nova literatura brasileira. As causas da morte não foram divulgadas.

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O poeta e ficcionista brasileiro Victor Heringer morreu esta quarta-feira, aos 29 anos, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A editora Companhia das Letras e o Instituto Moreira Salles, onde o autor trabalhava, confirmaram a notícia, mas as causas da morte não foram ainda divulgadas.

Considerado uma das vozes mais talentosas da nova literatura brasileira, Victor Heringer, que completaria 30 anos no próximo dia 27, ganhou notoriedade com o seu primeiro romance, Glória, que venceu o prémio Jabuti, mas já antes publicara duas plaquetes e um livro de poesia Automatógrafo (2011). É também autor de vários vídeo-poemas. 

Em 2016 regressara à ficção com o romance O Amor dos Homens Avulsos, e no ano passado foi destacado pela Forbes como um dos mais prometedores escritores brasileiros abaixo dos 30 anos.

O blogue Enfermaria 6, do qual era colaborador regular, prestou-lhe homenagem relembrando um dos seus textos publicados no site, Sobre escrever, segundo métodos diversos, no qual Heringer explica, por exemplo, que prescreve a si próprio café, chá indiano ou Coca-cola zero quando escreve ficção, mas já opta por cerveja para aviar crónicas e prefere o vinho tinto para a poesia. Nos parágrafos reservados às influências diz que os seus “pais” são Machado de Assis e Manuel Bandeira e inventaria ainda vários outros escritores, mas sublinha que toda a linguagem o interessa: “A fotografia, o cinema, o desenho, a música, a performance, todas as práticas e códigos contaminam o trabalho”.

No mesmo texto, após assumir que “o fim está próximo” e “sempre esteve”, e que “foi sempre contra a morte que cantámos”, deixa um “minimanifesto”: “Salvar tudo, lembrar tudo o que fizemos. A arte no Antropoceno é o domínio público. Amar as digitais engorduradas que deixamos nos objectos, todos os fonemas, todos os ritmos, todos os amarelos no papel-jornal, todos os álbuns de família miúda. Tudo o que foi nosso nos interessa”.

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