Tribunal remete queixa de ameaças a Orlando Figueira para Ministério Público

Advogada comunicou ao tribunal que Orlando Figueira, a irmã deste e ela própria foram alvo de ameaças por uma pessoa que esteve presente em sessões anteriores deste caso.

Foto
Orlando Figueira é acusado de corrupção, entre outros crimes Nuno Ferreira Santos

O colectivo de juízes do processo Operação Fizz remeteu hoje cópia do requerimento da defesa do ex-procurador Orlando Figueira para o Ministério Público junto do tribunal, para abertura de inquérito sobre as ameaças relatadas pela mandatária daquele arguido.

No início da sessão da tarde do julgamento a advogada do ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que está a ser julgado no âmbito do caso Operação Fizz, comunicou ao tribunal, através de requerimento, que Orlando Figueira, a irmã deste (que é testemunha no processo) e ela própria (advogada do arguido) foram alvo de ameaças por uma pessoa que esteve presente em sessões anteriores deste caso.

Carla Marinho indicou que Orlando Figueira, a irmã do ex-magistrado e ela própria foram vítimas de ameaças no edifício do tribunal e no hotel Ibis, no parque das Nações em Lisboa, por alguém que disse "estar a mando de uma pessoa muito mencionada neste processo".

O juiz presidente Alfredo Costa, além de remeter certidão para o MP junto da Instância Criminal de Lisboa para que este abra inquérito sobre o sucedido, "se for esse o caso", decidiu ainda notificar os serviços de segurança do tribunal para que recolham imagens vídeo e áudio dos dias 27 e 28 de Fevereiro nas instalações do tribunal, altura em que as alegadas ameaças terão sido transmitidas aos queixosos.

O colectivo de juízes decidiu ainda solicitar ao Comando Especial da PSP a avaliação do risco em que se encontra o arguido Orlando Figueira, a irmã deste e a própria advogada.

O juiz determinou igualmente remeter cópia do requerimento sobre as alegadas ameaças à advogada e seu constituinte para a Ordem dos Advogados.

A audiência de julgamento desta quinta-feira desenrola-se com a inquirição da testemunha Miguel Maya, administrador do BCP, que revelou que foi o seu colega de administração Iglésias Soares que apresentou à Comissão Executiva do banco a proposta para que Orlando Figueira fosse trabalhar para o departamento de "compliance" daquela instituição bancária.

O processo Operação Fizz, relacionado com corrupção e branqueamento de capitais, envolve o antigo presidente da Sonangol e ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, que, num processo entretanto separado, é acusado de ter pago a Orlando Figueira 760 mil euros para que este arquivasse inquéritos em que era visado, designadamente na aquisição de um imóvel de luxo no edifício Estoril-Sol.

Além de Orlando Figueira, estão em julgamento o advogado Paulo Blanco (mandatário do Estado angolano em diversos processos judicias) e Armindo Pires, amigo de longa data e homem de confiança de Manuel Vicente em Portugal.

 

Sugerir correcção
Comentar