PSD não é aliado, é “interlocutor”; aliados são BE e PCP, diz César

Socialistas sentem-se “bem” com a experiência e resultados da geringonça e por isso o presidente considera que é “repetível” – “sobretudo se os parceiros também o entenderem”.

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Deputados do PS estiveram reunidos esta manhã Enric Vives-Rubio

O presidente do PS tentou desdramatizar esta quinta-feira qualquer apreensão dos comunistas e bloquistas sobre uma eventual aproximação ao PSD. “Nós saudamos este regresso do PSD à mesa do diálogo mas não ganhamos com isso um aliado; ganhamos apenas um interlocutor. Os nossos aliados são os nossos parceiros, que apoiam esta solução de Governo”, disse Carlos César à saída da reunião da bancada parlamentar.

“O mesmo PSD que tínhamos é o mesmo PSD que temos. Eventualmente com outra linguagem, mas é do mesmo PSD que estamos a falar”, afirmou César, admitindo que, com a nova direcção, o partido tem “uma metodologia e uma forma de estar diferente”. Exemplos? “Este já não é o PSD que comprometeu o dialogo com o Presidente da República, que pura e simplesmente não dialogou com o Governo ou que na Assembleia da República se confinou ao diálogo com o CDS. É um PSD que está mais disponível para falar e para dialogar. Isso nós saudamos.”

Salientou, no entanto, que “são as ideias” que os dividem e que irão “continuar a dividir”, mas também que “agora há uma outra predisposição para o diálogo, que é útil na sociedade política portuguesa”. Carlos César vincou que a concertação à esquerda não proíbe o PS de estar de acordo com o CDS ou com o PSD sobre algumas matérias, nem estes se devem sentir proibidos de concordar com o BE, PCP ou PEV e contra o PS. “Isso é um ganho para a democracia mas não nos faz ficar mais próximos do PSD ou o PSD ficar mais próximo do PS.

O dirigente socialista insistiu na ideia de que a geringonça é “repetível” e está “optimista” quando à avaliação que Bloco, PCP e PEV farão dentro de ano e meio, sobretudo pelos “benefícios” que trouxeram ao país nesse trabalho conjunto. “Pela experiência desta legislatura, pelos bons resultados que têm sido obtidos pelo desempenho do Governo, e pela forma como temos articulado a iniciativa do Governo com os partidos parlamentares que apoiaram a sua investidura, sentimo-nos bem neste percurso”, disse Carlos César. “Se nos sentimos bem, achamos que ele é repetível, sobretudo se os parceiros também o entenderem”, acrescentou, cauteloso.

Esse desejo de repetir um acordo à esquerda, não coarcta, porém, o PS. César reconhece que o PS – “como qualquer outro partido” – tem a “ambição de obter uma maioria absoluta e confortável que permita governar em consonância com o seu próprio programa”. Mas, mesmo nesse cenário, “a democracia é feita de diálogo e que o diálogo deve ter consequências”.

“O nosso entendimento é que esta relação com o PCP, PEV e BE tem sido uma relação produtiva, tem dado bons resultados e, portanto, devemos procurá-la”, insistiu. Carlos César desvalorizou as críticas que BE e PCP têm feito ao PS ao longo deste tempo, disse que elas correspondem a críticas que os socialistas também fariam aos parceiros dos acordos sobre os mesmos assuntos e que isso mostra que este projecto governativo “respeita a independência de cada um dos partidos”.

“Nós não escondemos que somos diferentes do PCP e do BE. Eu próprio já disse que não quero ser confundido nem com um membro do PCP nem com um membro do BE.”

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