Haiti suspende actividade da Oxfam após escândalo de prostituição

Decisão vai ser revista daqui a dois meses.

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O ministro de Planeamento e Cooperação Externa do país, Aviol Fleurant, acusa a organização de não ter informado as autoridades do país Reuters/ANDRES MARTINEZ CASARES

O Haiti suspendeu as actividades da Oxfam no país enquanto decorrem investigações à conduta de trabalhadores da organização humanitária internacional que terão recorrido a prostitutas durante uma missão no território após o terramoto de 2010.

O ministro de Planeamento e Cooperação Externa do país, Aviol Fleurant, considera que a organização internacional de solidariedade cometeu um “erro grave” ao ter incumprido o dever de informar as autoridades haitianas sobre as alegações que entretanto se tornaram públicas. O governante do Haiti adiantou que a decisão de suspender as actividades da organização será revista daqui a dois meses.

Até ao momento, e desde que o escândalo foi tornado público, foram registadas 26 denúncias contra responsáveis da organização, de acordo com os números do director-geral da Oxfam, Mark Goldring.

Em causa neste escândalo não está o mero recurso a prostitutas, mas a forma como os agentes humanitários manipularam mulheres em situação financeira e pessoal frágil num dos países mais pobres do mundo, levando-as a receber ajuda a troco de sexo.

O belga Roland van Hauwermeiren, que se demitiu em 2011 depois de uma investigação interna sobre o recurso à prostituição, cujas conclusões só foram conhecidas agora, já tinha sido denunciado num caso semelhante ocorrido na Libéria, quando trabalhava na britânica Merlin. 

Fundada em 1942, a Oxfam é uma das maiores organizações de solidariedade do Reino Unido e do mundo. O escândalo já levou à demissão da vice-directora da Oxfam, Penny Lawrence e o afastamento de vários membros da organização, incluindo um dos embaixadores, o antigo arcebispo sul-africano Desmond Tutu, figura-chave da luta contra o apartheid e Nobel da Paz em 1984.

A polémica está também a afectar os cofres da organização. Para além do financiamento público, também as doações podem ser atingidas. Desde que o jornal The Times revelou o caso, muitos doadores regulares desta organização fundada em 1942 deram ordem aos seus bancos para cancelar as transferências.

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