Vídeo (viral) ensina negros a “sobreviver” aos polícias no Rio

Já foi visto mais de dois milhões de vezes no Facebook e partilhado por mais de 60 mil pessoas. Chama-se Intervenção no Rio: Como sobreviver a uma abordagem indevida e é um vídeo feito por três jovens brasileiros, moradores de favelas do Rio de Janeiro, com dicas para agir em caso de abordagem impróprias das polícias. 

 

O vídeo, conta a agência Lusa, tornou-se viral após o Governo brasileiro decretar uma intervenção na área de segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Nele, o publicitário Spartakus Santiago, o repórter Edu Carvalho e o youtuber AD Junior explicam que, por serem negros, são mais vulneráveis a acções indevidas e à violência da polícia. Decidiram, por isso, alertar a população das favelas. "Estamos aqui a fazer este vídeo porque, infelizmente, nós negros somos sempre vítimas de abusos e retaliações", justifica Edu Carvalho.

 

Entre as dicas mais polémicas estão conselhos para evitar o uso de guarda-chuvas longos ou até mesmo de berbequins dentro das favelas porque estes objectos podem ser confundidos com armas, uma alusão a uma situação ocorrida em 2010, quando um homem morreu alvejado por tiros disparados por engano no Morro do Andaraí após um polícia confundir o berbequim que usava para fazer uma reparação em casa com uma arma de fogo.

 

Os jovens também recomendam aos moradores das favelas que saiam sempre com um documento de identidade, informem familiares ou conhecidos do seu paradeiro e que estejam sempre com o telemóvel carregado, não só para comunicar em caso de emergência, mas também para registar qualquer tipo de abuso. "Se eles vos pararem e estiver num zona pública, grave com seu telemóvel. É o melhor registo que se pode fazer", afirma Edu Carvalho. Em reacção à popularidade do vídeo, os autores disseram aos meios de comunicação do país que a ideia não era criticar a intervenção do Governo que colocou o comando da segurança nas mãos dos militares, mas sim alertar as pessoas, principalmente os jovens negros que vivem nas favelas.