Artista preso e multado por caricaturar primeiro-ministro

Fahmi já tinha sido preso em 2016 juntamente com outros activistas e membros da oposição política, na sequência de protestos relacionados com um escândalo de lavagem de dinheiro.

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O advogado do artista de 40 anos, disse em declarações á imprensa internacional que Fahmi foi condenado a um mês de prisão e a pagar uma malta de 30.000 ringgit (cerca de 6240 mil euros) Reuters/OLIVIA HARRIS

Fahmi Reza, um artista da Malásia foi condenado a um mês de prisão e a uma multa de 30 mil ringgit (cerca de 6200 euros), segundo o advogado, por ter retratado o primeiro-ministro como um palhaço numa caricatura que publicou há dois anos no Facebook. A sentença conhecida nesta terça-feira gerou uma onda de solidariedade: a imagem que levou à condenação está a ser republicada no Twitter por utilizadores de outras geografias.

Na caricatura vê-se o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, representado como um palhaço algo macabro e maldoso, de sobrancelhas arrebitadas, lábios pintados de vermelho berrante com um sorriso também ele maléfico. O desenho tornou-se viral e foi bastante popular nas manifestações contra o líder do governo.

O advogado do artista de 40 anos disse que ele foi considerado culpado de não cumprir as leis do estado que proíbem a divulgação e circulação de conteúdo online considerado “obsceno, indecente, falso, ameaçador, ou ofensivo com a intenção de molestar, abusar, ameaçar ou perseguir uma pessoa”. Além deste caso, Reza é também alvo de uma segunda acusação semelhante num outro tribunal.

Fahmi já tinha sido preso em 2016 juntamente com outros activistas e membros da oposição política, na sequência de protestos relacionados com um escândalo de lavagem de muitos mil milhões de dólares e no qual supostamente estará implicado Najbi Razak.

Apesar de uma das promessas políticas do executivo malaio ser a liberdade de expressão – sobretudo na Internet – o governo tem bloqueado sites e agências noticiosas que denunciam a apropriação ilegal de cerca de 4500 milhões de dólares por parte do primeiro-ministro malaio e de uma empresa pública. Tanto o primeiro-ministro como a administração da 1MDB refutam as suspeitas.

Em ano de eleições, as medidas de segurança online impostas pelo governo malaio – e que supostamente visam dificultar o aparecimento e propagação de fake news –, são vistas como uma medida repressiva.

A prisão do artista Fahmi Reza não é um caso isolado neste país do sudeste asiático. Em 2016, um reconhecido cartoonista político, com o nome artístico de Zunar foi acusado de sedição, acabando por ser preso, depois de ter caricaturado diversas vezes Najbi Razak e a esposa Rosmah Mansor.

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