MP pede condenação de irlandês que tentou matar professora de Coimbra

Acusado sofre da síndrome de Asperger alega que "apenas" queria cortar o braço à professora da Universidade de Coimbra.

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Crime ocorreu em Agosto de 2014 LUSA/PAULO NOVAIS

O Ministério Público (MP) pediu nesta sexta-feira a condenação de um investigador irlandês acusado de tentar matar uma professora da Universidade de Coimbra (UC), considerando que o arguido cometeu os factos constantes na acusação.

O antigo doutorando da UC, de 37 anos, está acusado de homicídio qualificado na forma tentada por ter desferido vários golpes com uma machada na docente Filomena Figueiredo, no Departamento de Física, a 4 de Agosto de 2014.

O crime ocorreu no dia em que o investigador foi informado de que tinha uma dívida de mais de 5000 euros à Universidade de Coimbra e que o seu orientador tinha pedido renúncia na orientação do doutoramento.

A procuradora do MP, no entanto, pediu atenção para a condição psicológica do arguido, que sofre da síndrome de Asperger, uma forma de autismo, que o pode “tornar perigoso para terceiros”.

Apesar do relatório pericial considerar o antigo doutorando imputável, o psicólogo clínico Pedro Alves, que o acompanha desde Outubro do ano passado, atribuiu, na tarde desta sexta-feira, os seus comportamentos e atitudes à síndrome de Asperger, que o faz não ter “consciência dos actos”.

Nas alegações finais, que decorreram também durante a tarde, no Tribunal de Coimbra, o advogado António Novais Teixeira, defensor da docente agredida, pediu a condenação do arguido de acordo com o que consta na acusação.

“Não existem dúvidas de que a intenção não era só cortar o braço [como argumentou o arguido], mas seguramente matar”, salientou o advogado, que atribuiu também alguma responsabilidade à UC por não sido mais célere a actuar e a chamar as autoridades em acontecimentos anteriores que envolveram o arguido.

Já o advogado de defesa entende que o investigador irlandês cometeu um crime por ofensa à integridade física, conforme foi relatado “inicialmente aos órgãos de polícia criminal”, considerando que o arguido “não mentiu quando disse que apenas tentou cortar o braço” da professora.

Segundo Duarte Figueiredo, o arguido “não teve intenção de matar” e, portanto, deve ser condenado por ofensa qualificada à integridade física, pedindo ao colectivo de juízes que “realizem direito nesta situação”.

Aos jornalistas, o advogado disse que a condição psicológica do arguido influencia os factos que estão a ser analisados pelo tribunal e que a imputabilidade ou não do investigador irlandês “será algo que o colectivo terá de decidir”.

Durante o julgamento, o investigador irlandês afirmou em tribunal que estava sem abrigo e com fome quando do crime, frisando que a intenção não era matar, mas cortar um braço à professora, que considera responsável por não lhe ter sido atribuída bolsa.

A leitura da sentença está agendada para o dia 8 de Março, às 14H00.

 

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