Há um tabu à volta de Passos: falar ou não falar na abertura do congresso

Presidente da Mesa do Congresso, Fernando Ruas, defende que o líder do PSD deve falar, se essa for a sua vontade.

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PSD ainda discute se Passos fala na abertura do 37.º Congresso Miguel Manso

O tabu do primeiro dia do Congresso do PSD chama-se Pedro Passos Coelho. A um dia da abertura da reunião magna, que decorre em Lisboa, ninguém arrisca dizer se líder do partido vai discursar na sessão inaugural do conclave em que Rui Rio assumirá a presidência do partido.

O regulamento do congresso não faz nenhuma alusão à participação do líder cessante, pelo que o PÚBLICO questionou o partido para perceber se Passos, que está de saída da liderança dos sociais-democratas, vai subir ao palco para se despedir dos militantes. Acontece que ninguém se mostrou disponível para esclarecer.

A mesma diligência foi feita junto do gabinete de Passos, mas a informação dispensada foi que “ainda não estava fechado o alinhamento final do congresso” e que essa informação só deveria estar disponibilizada durante esta quinta-feira, véspera do conclave.

Apoiante de Passos desde a primeira hora, o presidente da Mesa do Congresso, Fernando Ruas, diz que gostaria de ver o presidente em exercício do partido subir ao palco e discursar na sessão de abertura. “Quem abre o congresso sou eu, como presidente da mesa, mas penso que, se o presidente da Comissão Política Nacional quiser discursar na abertura da reunião magna do partido, tem o direito de o fazer”, afirmou Fernando Ruas ao PÚBLICO, revelando que o assunto será analisado numa reunião relacionada com a preparação e distribuição de tarefas que ocorrerá antes da abertura oficial dos trabalhos, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa.

No PSD há quem defenda que Passos deve discursar e explicar aos militantes a sua passagem pela liderança do partido, até porque – frisam – “ele tem o seu próprio peso político”; outros entendem o contrário, alegando que o seu discurso pode “esvaziar” a intervenção de Rio, que se dirige aos congressistas para apresentar a sua proposta de estratégia global na sessão de abertura marcada para as 21h desta sexta-feira.

O presidente da distrital do PSD de Lisboa, Pedro Pinto, também não sabe se vai poder intervir antes de Passos. “Estou à espera que me comuniquem, para saber se faço ou não alguma intervenção de boas-vindas aos congressistas”, afirmou Pedro Pinto ao PÚBLICO, acrescentando esperar uma comunicação por parte da parte da Mesa do Congresso.

Enquanto a organização do congresso se articula com o partido em relação a quem intervêm na abertura dos trabalhos, a distrital do PSD-Porto prepara-se para assumir algum protagonismo no sábado, dia em que Rui Rio torna públicas as suas escolhas para os órgãos nacionais do partido.

Na qualidade de presidente da distrital portuense, Bragança Fernandes convocou todos os delegados ao congresso (num total de 140) e os deputados eleitos pelo distrito do Porto (16) para um almoço, marcado para um hotel nas proximidades do Centro de Congressos de Lisboa, onde decorre o 37.º Congresso do PSD. O convite foi feito por correio electrónico há uma semana.

Em jeito de aviso, Bragança Fernandes diz que não aceita que o Porto perca representatividade nos novos órgãos do partido. “A situação não é fácil. Está na altura certa de alguém responsável falar com as distritais”, declarou ao PÚBLICO Bragança Fernandes, que nas recentes eleições internas apoiou Santana Lopes.

“A minha distrital tem que ser recompensada pelo trabalho que fez, pelos militantes que tem e por ser a maior distrital do partido. Não aceito que a minha distrital tenha menos lugares do que aqueles que teve no último congresso”, reitera o dirigente, revelando que gostaria de ter “alguém do Porto na Mesa do Congresso”.

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