Congresso aprova orçamento depois de um breve shutdown

Apesar do apoio dos dois partidos, a proposta foi bloqueada no Senado porque Rand Paul levantou objecções aos limites de endividamento, levando a sessão a arrastar-se para além da meia-noite.

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Rand Paul quis alterar a proposta apoiada pelos dois partidos por causa do endividamento LUSA/SHAWN THEW

Os EUA estiveram de novo sem orçamento, depois de o Senado ter atrasado a aprovação de uma proposta de orçamento para dois anos, que estava para votação. O chamado shutdown federal (o segundo em 20 dias) começou às 0h de sexta-feira (mais cinco horas em Portugal continental) mas, ao contrário do bloqueio ocorrido a 20 de Janeiro, que durou três dias, o cenário manteve-se apenas por cinco horas. 

Apesar do apoio de democratas e republicanos à proposta que estava em cima da mesa, um senador do Partido Republicano, Rand Paul, do Kentucky, levantou objecções por causa da subida do limite do endividamento, prevista na proposta de orçamento que destina fortes investimentos à capacidade militar dos EUA.

Ao longo de várias intervenções que fizeram o debate durar nove horas, o senador e ex-candidato às primárias republicanas criticou a "hipocrisia" do seu próprio partido em apoiar uma lei que irá aumentar o endividamento público. "Concorri a um cargo público porque fui muito crítico dos défices de biliões de dólares do Presidente Obama. Agora temos republicanos que dão as mãos aos democratas oferecendo-nos défices de biliões de dólares", afirmou Paul.

O bloqueio do diploma orçamental no Senado foi tão inesperado que o Gabinete de Gestão e Orçamento da Casa Branca apenas emitiu as directivas sobre a actuação dos serviços federais em caso de shutdown poucas horas antes da meia-noite, diz o Politico. A convicção dominante era de que a lei seria aprovada tranquilamento pela câmara alta do Congresso, uma vez que os líderes das duas bancadas a apoiam.

Na manhã desta sexta-feira, a Câmara dos Representantes aprovou o diploma, com o apoio de 73 democratas, evitando o prolongamento da paralisação dos serviços federais durante o resto do dia. Espera-se, desta forma, que o impacto do shutdown nas várias agências e organismos públicos que dependem deste financiamento seja mínimo e, por exemplo, que os funcionários federais possam trabalhar o dia inteiro.

Apesar da luz-verde do Congresso, ficou patente a profunda divisão, e algum caos, que reina em Washington. A imprensa norte-americana mostra um panorama de descontentamento das facções dos dois partidos com o pacote orçamental proposto pela Casa Branca. Entre os liberais democratas, as críticas recaem na ausência de um diploma sobre a imigração; já para os conservadores, as objecções concentram-se no aumento do tecto de endividamento público previsto pelo orçamento.

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