Rui Rio aposta na renovação e em quadros nas listas para os órgãos do PSD

Presidente eleito do partido tem dado prioridade ao discurso que fará no encerramento do congresso e “só agora” começa a fazer convites para lugares — o que não quer dizer que não tenha já pensado nisso.

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Rio Rio vai ser empossado presidente do PSD no congresso de dias 16, 17 e 18 LUSA/PAULO CUNHA

O presidente eleito dos sociais-democratas “só agora” começou a fazer contactos com figuras do PSD para integrar os novos órgãos nacionais do partido, e embora os nomes estejam “fechados a sete chaves”, Rui Rio quererá ter na sua equipa pessoas que tiveram um papel importante na estrutura de campanha das eleições directas.

Até agora, a grande preocupação do líder eleito pelos militantes foi a de preparar, com toda a minúcia e cuidado, o discurso que vai fazer na sessão de encerramento do congresso nacional do PSD, marcado para os dias 16, 17 e 18 deste mês, em Lisboa. Mais do que falar para o partido, o líder vai falar para o país, e isso faz toda a diferença para alguém que aspira chegar a primeiro-ministro.

Escrito o discurso, Rio vira-se, então, para os órgãos nacionais e o objectivo é ter as listas fechadas durante a próxima semana, com espaço para alguns acertos de última hora. Ao que o PÚBLICO apurou, o novo presidente social-democrata quererá operar uma renovação nas listas nacionais, recrutando figuras com carreiras consolidadas nas universidades e nas empresas. A ideia é mesmo recuperar a aura do velho PSD, reafirmando-o como um “partido de quadros”.

Embora os nomes estejam “fechados e sete chaves”, o PÚBLICO sabe que Miguel Poiares Maduro, que ocupou o cargo de ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, com a tutela da Comunicação Social, é uma figura do partido que Rio pretenderá convidar para ocupar um lugar na nova direcção do PSD. Poiares Maduro, que no Governo de Pedro Passos Coelho, substituiu Miguel Relvas (em Abril de 2013), é professor de Direito no Instituto Universitário Europeu de Florença e encaixa no perfil de pessoas que Rio deseja trazer para a sua direcção.

Um outro nome que está em cima da mesa é o do ex-deputado António Carvalho Martins, que foi secretário-geral adjunto de Rio quando este era secretário-geral do PSD, no consulado de Marcelo Rebelo de Sousa. Amigo pessoal do recém-eleito presidente, António Carvalho Martins foi governador civil de Viana do Castelo, é um “homem de confiança” do ex-presidente da Câmara do Porto e alguém que conhece “muito bem” o partido.

Para o antigo ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento, que foi mandatário nacional da candidatura de Rui Rio, pode estar reservada a presidência da Mesa do Conselho Nacional do PSD.

Reeleito presidente da Comissão Política Nacional dos Autarcas Sociais-democratas e presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro não deixará de fazer parte das escolhas de Rui Rio, bem como Castro Almeida. O antigo presidente da Câmara de São João da Madeira, que foi secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, tem uma relação de grande proximidade com o novo líder, com quem fala com frequência e domina a pasta da descentralização.

O barrosista Feliciano Barreiras Duarte, que chegou a ser chefe de gabinete de Pedro Passos Coelho, mas que apoiou Rui Rio nas eleições directas, não deixará de ter um lugar na nova direcção do partido. Embora o seu nome tenha sido falado para secretário-geral do PSD, dificilmente Rio o convidará para essas funções. Como dizia ontem um deputado ao PÚBLICO, “Feliciano Barreiras Duarte não só não tem características mínimas para o cargo, como reúne profunda antipatia de quase toda a bancada”.

Na linha de partida para secretário-geral estava Salvador Malheiro, director de campanha de Rui Rio. Mas o seu nome  perdeu fôlego, depois de uma denúncia anónima, que deu origem a um inquérito aos negócios do também presidente da Câmara de Ovar, que estão a ser investigados pela Procuradoria-Geral da República. Há dias, o jornal electrónico Observador dava conta de que o autarca entregou 2,2 milhões de euros a clubes e associações do concelho para a instalação de relvados sintéticos nos respectivos campos de futebol.

A eleição de Rui Rio para a liderança do partido vai ter implicações na bancada parlamentar. Embora o actual líder, Hugo Soares, tenha manifestado disponibilidade para se manter à frente do grupo parlamentar, muito dificilmente isso acontecerá. Porquê? Porque a sua permanência no cargo representaria uma derrota para Rio.

Luís Marques Guedes era o deputado que Rui Rio gostaria que substituísse Hugo Soares, mas o deputado e ex-ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares de Passos Coelho mostrou indisponibilidade para assumir as mesmas funções que exerceu quando Manuela Ferreira Leite era presidente dos sociais-democratas.

Quem poderá vir a colaborar com o sucessor de Passos é o economista Fernando Alexandre, responsável pelo programa económico da moção de estratégica global que Rio vai levar ao congresso. E fontes sociais-democratas afirmam que uma das ideias da futura direcção passa pela criação de um gabinete de estudos onde o partido discuta e reflicta sobre novas políticas para o país - e é aqui que este professor da Universidade do Minho pode ser útil ao partido.

O facto de só agora começar a sondar as pessoas para integrarem a sua equipa não quer dizer que o ex-presidente da Câmara do Porto não tenha conversado com militantes. Esses contactos têm acontecido e Rio terá já falado com alguns deputados e com muitas outras pessoas. O líder do partido está a gerir o processo com extrema prudência, para não haver fugas de informação. E ao que foi possível saber, as abordagens que tem vindo a fazer não devem ser entendidas como convites… Esses só agora começaram a ser feitos.

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