Mais 12% de alunos estrangeiros em Portugal

No ano lectivo de 2016/17 entraram no sistema português 42.500 estudantes estrangeiros, o dobro do que existia no início da década. Brasil lidera lista de nacionalidades. Há quem acredite que Portugal podia apostar neste sector como grande indústria de exportação.

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O Acordo de Bolonha, ao uniformizar currículos, teve na estandardização do ensino na Europa, criando “um mercado para o ensino superior”, diz Pedro Santa-Clara, professor da Nova School of Business and Economics DR

O número de estrangeiros a estudar no ensino superior em Portugal continua a aumentar. Depois de, no ano lectivo de 2015/2016, se terem matriculado cerca de 38 mil, no ano seguinte o número subiu para 42.500. Isto equivale ao dobro dos estrangeiros que estavam no ensino superior no início da década.

Os dados, da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, incluem os estudantes em mobilidade (por exemplo, quem está no programa Erasmus).

A subida contrasta com a descida geral dos estudantes universitários: passaram de quase 390 mil no início do milénio para 362 mil em 2016/2017. E é uma tendência que existe pelo menos desde 2000, altura em que eram pouco mais de 12 mil. Quem vem estudar a Portugal? O Brasil é o país que ocupa o primeiro lugar (12,245 alunos) das nacionalidades, em claro destaque sobre todos os outros: tem quase tantos alunos como, juntos, os países no segundo (Angola), terceiro (Espanha), quarto (Cabo Verde) e quinto (Itália) lugares. 

Interessante é também o crescimento dos estudantes da China, o maior emissor de estudantes mundial (um total de cerca de 800 mil, dados de 2015 da UNESCO): eram apenas 38 em 2000/2001 e passaram para mais de mil em 20016/17. 

O aumento geral dos estudantes tem várias explicações. Uma é vantajosa para as instituições que, com o estatuto do estudante internacional, passaram a poder cobrar propinas mais caras do que aos portugueses – de mil a sete mil euros, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Outra é o impacto que o Acordo de Bolonha, ao uniformizar currículos, teve na estandardização do ensino na Europa, criando “um mercado para o ensino superior”, diz Pedro Santa-Clara, professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE) e responsável pelo projecto do novo campus em Carcavelos. 

 A Nova SBE tem ficado em lugares de destaque em rankings internacionais, e ocupa o melhor lugar entre as portuguesas no ranking do Financial Times. Neste momento, 58% das candidaturas aos mestrados da NSBE são de estrangeiros, muitos deles alemães (em 2000 eram apenas 300 em Portugal e agora já são mais de 1600, ou seja, cinco vezes mais).  

O modelo desta faculdade “podia ser copiado por outras universidades em Portugal”, acredita, dando “aulas em inglês”. O exemplo vem da Austrália, onde a segunda indústria exportadora é justamente o ensino superior para estrangeiros. Isso “seria muitíssimo possível para Portugal”, acredita.

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