Tribunal volta atrás e manda prender de novo o presidente da Amnistia

Taner Kiliç terá de ficar detido preventivamente até ao julgamento.

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Taner Kiliç está preso há oito meses DR

O mesmo tribunal turco que na quarta-feira decidiu libertar o presidente da Amnistia Internacional (AI) naquele país, Taner Kiliç, voltou atrás na decisão um dia depois: o activista terá de permanecer em detenção preventiva até se realizar o julgamento dele e de dez outros defensores de direitos humanos co-arguidos no mesmo processo, incluindo a directora-executiva da AI, Idil Eser.

Todos arriscam uma pena até 15 anos de prisão, caso sejam dados como culpados neste processo, em que são acusados ao abrigo da lei de combate ao terrorismo, cujo abrangência é criticada pela União Europeia e outras organizações, que dizem não cumprir as exigências do Estado de direito.

Kiliç foi detido em Junho, acusado de terrorismo e de ter no seu telemóvel a aplicação de mensagens instantâneas ByLock, que o Ministério Público turco diz ter sido usada pelos seguidores do imã Fethullah Gülen para comunicarem uns com os outros. A organização de Gülen é suspeita de ter organizado o golpe de Estado falhado de 2016 contra o Presidente Recep Erdogan.

O dirigente da Amnistia nega essa acusação – e duas análises forenses do seu telemóvel não encontraram vestígios de que a aplicação ByLock alguma vez tenha sido instalada.

A acusação pediu no entanto recurso da decisão do tribunal de libertar Taner Kiliç. O recurso foi ouvido em menos de 24 horas, explica no Twitter o investigador da Amnistia Internacional na Turquia Andrew Robinson.

February 1, 2018— Andrew Gardner (@andrewegardner)

Os dez outros activistas ligados à Amnistia Internacional foram detidos em Julho, enquanto participavam num workshop sobre segurança digital. Foram libertados entretanto e aguardavam a próxima audição do seu julgamento, marcada para 21 de Junho.

A Amnistia mantém uma petição online a pedir a libertação de Kiliç, que já foi assinada por milhão de pessoas, neste endereço.

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