Um Kennedy não chegou para afastar a maldição das respostas

Congressista Joe Kennedy foi o porta-voz do Partido Democrata na resposta ao discurso do Presidente Trump. Tal como em muitas outras ocasiões, a reposta foi comentada tanto pelo essencial como pelo acessório.

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Joe Kennedy disse que para Trump "a dignidade não é algo com que se nasça" Reuters/BRIAN SNYDER

Todos os anos, desde a década de 1960, o partido que está fora da Casa Branca escolhe um porta-voz para responder ao discurso sobre o estado da União, que é proferido poucos minutos antes pelo Presidente norte-americano.

Mas, ao contrário do que acontece quando alguém é convidado para ser o principal orador ou oradora no último dia das convenções do Partido Republicano ou do Partido Democrata, um convite para se falar ao país logo a seguir ao Presidente não é algo que fique garantidamente bem no currículo de qualquer pessoa – que o digam o senador Marco Rubio, que teve de beber enquanto falava, em 2013; o ex-governador do Louisiana, Bobby Jindal, que falou em 2009 como se estivesse a falar com uma audiência de bebés; ou o senador Tim Kaine, que em 2006 fascinou a América com a sua sobrancelha esquerda.

E este ano não foi excepção: do discurso de Joe Kennedy, neto de Robert Kennedy e sobrinho-neto de John F. Kennedy, vai ser mais recordado o brilho nos cantos da boca do que as suas palavras de resistência e coragem face à Administração Trump.

"Esta Administração não tem apenas como alvos as leis que nos protegem. Tem como alvo a própria ideia de que todos nós somos merecedores de protecção. Para eles, a dignidade não é algo com que se nasça, mas algo que se pode medir pela riqueza, pela celebridade, pelas notícias nos jornais, pela dimensão de uma assistência", disse Kennedy – uma passagem que poderia servir de rampa de lançamento ao mais novo Kennedy da política americana, mas que pode ficar esquecida por causa de um brilho estranho nos cantos da boca.

A Internet estava mais interessada em saber o que era aquilo do que na profundidade do discurso, e o tribunal das redes sociais proferiu a sentença: baba. Mais tarde, Kennedy veio esclarecer: era batom de cieiro.

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