Uma refeição por dia, um banho por ano. Casal que manteve filhos em cativeiro acusado de tortura

O casal Turpin, acusado de manter sob cativeiro os seus 13 filhos na casa da família em Perris, na Califórnia, foi acusado formalmente esta quinta-feira de tortura, abuso infantil e detenção ilegal. Poderão enfrentar uma sentença de 94 anos. Dizem-se inocentes.

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O procurador Mike Hestrin na conferência de imprensa onde anunciou os mais de vinte crimes de que são acusados os Turpin EPA/ANDREW GOMBERT

O casal Turpin, acusado de manter sob cativeiro os seus 13 filhos na casa da família em Perris, na Califórnia, foi acusado nesta quinta-feira de tortura, maus-tratos, negligência e detenção ilegal, e ainda nesta quinta-feira compareceram na primeira audiência em tribunal, onde alegaram ser inocentes.

Mike Hestrin, procurador do condado de Riverside, disse em conferência de imprensa que, caso se venha a provar que David Turpin, de 57 anos, e a mulher, Louise Turpin, de 49, são culpados das mais de vinte acusações que sobre eles pendem, poderão enfrentar uma sentença de 94 anos na prisão.

“Queremos que a justiça seja cumprida até às últimas consequências, de forma a garantirmos toda a protecção a estas vítimas”, acrescentou Hestrin.

Segundo a investigação policial, ainda a decorrer, as crianças nunca foram a um dentista, tinham direito a apenas uma refeição por dia e era frequente serem acorrentadas às camas com cordas e cadeados, sem poderem deslocar-se à casa de banho. Estes castigos podiam durar semanas ou meses. Tomar banho era algo a que só podiam aceder uma vez por ano e estavam proibidas de lavar as mãos acima da linha do pulso sob pena de serem acusadas de estar "a brincar com água". 

O casal Turpin foi detido na sequência do telefonema da filha de 17 anos, que terá escapado pela janela da casa da família e alertado a polícia. Com idades entre os dois e os 29 anos, apenas a bebé apresenta um peso adequado à sua idade – o adulto, de 29, pesa 37 kg.

O Departamento de Educação da Califórnia regista a casa dos Turpin, onde a família vivia desde 2014, como a sede do estabelecimento escolar Sandcastle Day School, da qual Turpin seria o director. Especialistas contactados para se pronunciarem sobre o caso alertam que a situação passou despercebida precisamente por as crianças não frequentarem um estabelecimento de ensino. 

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