Combate ao desperdício

Por cá, é fácil de perceber que há ainda um caminho a percorrer, e que muitas pessoas não reciclam, tal como empresas, causando desperdício e poluição.

Os recursos do planeta são finitos. E apesar de esta frase parecer um cliché, continuamos a ignorar a realidade que contém, numa espécie de paradoxo fatal. Países com poucos recursos, como Portugal, deviam ter outro grau de preocupação e organização – veja-se o exemplo do Japão. Por cá, é fácil de perceber que há ainda um caminho a percorrer, e que muitas pessoas não reciclam, tal como empresas, causando desperdício e poluição.

No próximo dia 18 de Março, e pela primeira vez, vai comemorar-se o dia mundial da reciclagem, por iniciativa da federação que reúne as empresas do sector a nível global. A ideia é apresentar a reciclagem como um recurso em si mesmo, a par dos seis outros mais importantes: água, ar, carvão, petróleo, gás natural e minérios.

E se esse pode ser um bom impulso, ao colocar o tema na agenda, mais importante ainda é a redução e a reutilização. Aqui, também vai havendo o que se pode apelidar de novas movimentações, porque na verdade nada há de original. O que se verifica, isso sim, é o de uma maior urgência. O termo na moda já foi eco-eficiência, agora é “economia circular”, por oposto ao da economia linear e do modelo “extrair-fabricar-descartar” em alta rotação. Tenta-se usar menos recursos (através do design), e aposta-se na sua reutilização, mantendo o ciclo de vida de um produto durante o máximo tempo possível. Depois, sim, passa-se então para a reciclagem, e de preferência com mais sucesso, já a estimativa aponta para que menos de 1/3 dos plásticos na Europa sejam reciclados (o resto vai para lixeiras ou é queimado).

“A prevenção dos resíduos, a concepção ecológica, a reutilização e medidas similares poderão trazer às empresas da UE poupanças líquidas de 600 mil milhões de euros”, defende a Comissão Europeia. Qualquer passo nesse sentido só pode ser visto como algo positivo, mas ainda se estão a estudar os caminhos para lá se chegar de forma mais rápida, como determinados incentivos económicos para a elaboração de “produtos mais facilmente recicláveis ou reutilizáveis”.

A estratégia também já chegou a Portugal, tendo o plano de acção sido publicado em Diário da República em Dezembro (veja-se o portal eco.nomia.pt).

Nele estão contidas iniciativas como analisar a introdução de benefícios fiscais, seja para o consumidor ou para as empresas, nos serviços de reparação “intensivos em mão-de-obra” ou na venda de produtos em segunda mão.

A mudança de comportamentos é inevitável, pode é acontecer de forma mais rápida ou mais lenta, mais voluntária ou mais forçada. Por uma questão de sustentabilidade, de poupança de recursos e até de bom senso, era bom que nos incluíssemos na primeira opção. Tudo o resto será mero desperdício.

P.S.: – A nível individual, há pequenos actos que podem fazer a diferença: um deles, bastante simples (e eficaz), é ter opções, como chávenas, que evitem o consumo desenfreado de copos de plástico nos escritórios para beber água e café, e que atingem as centenas ou mesmo milhares de milhões de unidades por ano só em Portugal. Pela minha parte, foi a resolução de ano novo. 

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