Afilhado de Rosalina Ribeiro revela novas informações no julgamento de Duarte Lima

O antigo deputado Duarte Lima está a ser julgado por crime de abuso de confiança.

Foto
Duarte Lima está acusado do crime de abuso de confiança Rui Gaudêncio

Um afilhado de Rosalina Ribeiro, assassinada no Brasil em 2009, revelou nesta quarta-feira, no julgamento de Duarte Lima, que a madrinha lhe confidenciou que se algo lhe acontecesse o gestor de fortunas Michel Canals "sabia tudo" acerca das contas bancárias.

Armando Carvalho falava como testemunha no julgamento em que o antigo deputado e advogado Duarte Lima está acusado do crime de abuso de confiança, alegadamente por se ter apropriado indevidamente de cinco milhões de euros que pertenceriam a Rosalina Ribeiro, de cujo homicídio, ocorrido a 7 de Dezembro de 2009, está acusado no Brasil.

Armando Carvalho, herdeiro de Rosalina Ribeiro nos bens que esta possuía no Brasil, contou que a madrinha lhe disse, em Lisboa e antes de regressar ao Brasil, que se algo lhe acontecesse o gestor de fortunas Michel Canals e um funcionário do BCP de Colares, de nome Carlos, "sabiam de tudo" acerca das suas contas bancárias, porque, na altura, estando os seus bens a ser arrestados no âmbito de um litígio entre herdeiros, era preciso salvar esses bens de qualquer arresto, colocando-os em contas tituladas no estrangeiro.

A testemunha relatou também que Rosalina Ribeiro chegou a levantar cerca de 400 mil euros do BCP e a guardar o dinheiro em casa e que, numa outra ocasião, lhe disse estar preocupada porque ia colocar uma quinta que possuía no Algarve numa offshore, em nome de Duarte Lima. "Isto por causa dos arrestos", insistiu.

Declarou que quanto às contas bancárias abertas na Suíça nada sabe sobre os montantes ou o número de titulares, apesar de numa delas a madrinha lhe ter garantido constar o seu nome. "Ela não queria falar dessas contas", justificou Armando Carvalho, garantindo que Rosalina Ribeiro lhe disse, desabafando: "Sobre isso da Suíça nem quero saber".

A testemunha assegurou que só teve conhecimento da versão de que Duarte Lima se teria apropriado indevidamente de cinco milhões de euros da herança através de Rosemary Spínola, uma amiga de Rosalina Ribeiro que veio a conhecer no Brasil já depois do homicídio ocorrido em Maricá, arredores do Rio de Janeiro.

Neste segmento do seu depoimento, Armando Carvalho entrou em contradição com as declarações que havia prestado em fase de inquérito. A testemunha manifestou dificuldade em se expressar em tribunal, evidenciando também falhas de memória e um alheamento sobre questões da herança que surpreendeu o colectivo de juízes.

Para a próxima audiência, marcada para 24 de Janeiro está prevista a inquirição de Michel Canals, gestor de fortunas da Akoya e arguido no processo Monte Branco, caso relacionado com a lavagem de dinheiro de importantes figuras do mundo político e empresarial português.