Novas ferramentas do Facebook dão mais poder às mulheres

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LUSA/SASCHA STEINBACH

No início deste mês, o Facebook revelou as suas políticas contra o assédio, numa resposta ao movimento #MeToo. Esta semana, a rede social divulgou um conjunto de ferramentas, construído em conjunto com organizações de apoio às vítimas com o objectivo de proteger mulheres, especialmente vítimas de violência doméstica. "Ninguém jamais deverá sofrer de assédio", declara Sheryl Sandberg, dirigente do Facebook, em comunicado à Elle

As ferramentas incluem um novo método que ajuda a rede social a controlar e a bloquear usuários que geram múltiplas contas para perseguir as suas vítimas e desencadeiam a opção de ignorar uma conversa, em vez de bloquear, o que permitirá às vítimas de violência recolherem provas. "Estes novos recursos fornecem mais maneiras de impedir que isso [o assédio] aconteça no Facebook". Sandberg agradece ainda às instituições que estiveram envolvidas neste projecto pelo apoio e também pelo trabalho que fazem. "Todas as pessoas merecem ser protegidas."

Antigone Davis, que lidera a área de segurança global no Facebook, conta à Elle que organizou mesas redondas para aqueles que enfrentam assédio online, como mulheres e jornalistas, em países como a Irlanda, os EUA e o Quénia, de maneira a entender melhor a experiência dessas pessoas. Com base nessas conversas e na consulta a mais de 250 organizações parceiras, a sua equipa desenvolveu uma combinação de ferramentas activadas por usuários e baseadas em ferramentas de inteligência artificial para ajudar as pessoas a lidar com os agressores. 

As mulheres são mais propensas a ser assediadanas redes sociais do que os homens, o que suscita dúvidas sobre quão seguras estas plataformas podem ser para as mulheres. No entanto, Davis vê-as como espaços fundamentalmente positivos para o engajamento. O Facebook "permite que as pessoas comuniquem e utilizem uma plataforma online para expressar-se", defende. "Se pensarmos, o assédio contra as mulheres existe e ocorre há séculos, antes de haver redes sociais. Quando temos conversas online, alcançamos mais pessoas, estamos mais ligados e, por isso, compreendemos que temos de garantir que as pessoas possam ter esse tipo de conversas e desenvolver ferramentas que melhor as protejam do assédio".

"Esses sobreviventes não querem bloquear seu ex ou o seu parceiro abusivo, porque querem saber o seu tom, o seu estado de espírito, se ele tentou contactá-los diariamente ou por hora, em vez de semanalmente ou mensalmente", explica à Elle Cindy Southworth, vice-presidente executiva e fundadora do Safety Net Technology Project na rede norte-americana para acabar com a violência doméstica (NNEDV), que trabalha com sobreviventes de violência doméstica há quase três décadas e é consultora do Facebook desde 2010.

A responsável enfatiza o quão bem essas ferramentas respondem ao que as vítimas precisam: um meio para rastrear o comportamento abusivo e protegerem-se do impacto emocional que o assédio pode provocar. Até agora, muitos sobreviventes optaram por não estar nas redes sociais, para evitar os seus abusadores. "A rede social pode ser uma maneira de [a vítima] voltar a ligar-se à sua rede de apoio que desapareceu durante o abuso", sugere.

Southworth reconhece que gostaria de ver o Facebook fazer ainda mais para minimizar o assédio, mas aprecia o seu compromisso com as vítimas. "Para mim, essas características permitirão que os sobreviventes fiquem ligados e não sintam que precisam de estar sozinhos para estarem seguros", conclui.

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