Pornografia no computador provoca demissão de ministro adjunto de May

Theresa May exigiu demissão de Damian Green depois de ter sido dado como provado que mentiu sobre uma descoberta feita em 2008 pela polícia.

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Damian Green era também acusado por uma jornalista de comportamento impróprio Toby Melville/Reuters

É mais uma dor de cabeça para a primeira-ministra britânica. Damian Green, ministro adjunto de Theresa May, foi forçado a pedir a demissão depois de um inquérito interno ter dado como provado que mentiu sobre a presença de conteúdos pornográficos encontrados pela polícia no seu computador de trabalho.

Green começou a ser investigado em Novembro depois de a jornalista e militante do Partido Conservador Kate Maltby o ter acusado de comportamento impróprio - um entre vários deputados e dirigentes partidários a serem alvo de denúncias no auge do escândalo de abusos sexuais desatado pelo caso do produtor norte-americano Harvey Weinstein. Segundo Maltby, cujos pais são amigos do ex-ministro, Green tocou-lhe "fugazmente" no joelho quando ambos conversavam num pub, em 2015, e no ano seguinte ter-lhe-á mandado sms "sugestivas" que a fizeram sentir-se "envergonhada e profissionalmente posta em causa".

Já depois disso, o Sunday Times noticiou que, em 2008, quando Green era deputado, a polícia encontrou pornografia num dos seus computadores de trabalho que tinha sido inspeccionado no âmbito de uma investigação a um outro caso. Green assegurou que essa informação era falsa.

Os dois casos levaram a primeira-ministra a ordenar um inquérito interno ao seu adjunto, na prática o "número dois" do executivo, cujos resultados foram conhecidos nesta quarta-feira. O relatório conclui que Green mentiu quando disse que não tinha conhecimento sobre o material pornográfico - não só os seus advogados foram informados em 2008 sobre a descoberta, como o próprio discutiu o caso com a polícia cinco anos mais tarde.

Já sobre as suspeitas de conduta imprópria em relação a Maltby, o documento não chega a uma conclusão definitiva, mas considera que as acusações da jornalista são “plausíveis”.

May, que segundo a imprensa terá recebido o relatório no início da semana, exigiu a demissão de Green, seu amigo desde os tempos de faculdade, o que o ministro se apressou a fazer.

Na carta de demissão, insiste que "não descarregou ou viu pornografia" no seu computador de trabalho, mas reconhece que deveria ter sido mais claro nas declarações que prestou aos jornalistas. Já sobre o caso de assédio, Green afirma que não se reconhece nas acusações que lhe são feitas, mas pede desculpa pela angústia que possa ter causado a Maltby.

Green é o terceiro ministro a demitir-se - o segundo por causa de suspeitas de assédio sexual - em apenas dois meses. Mas mais do que fragilizar o executivo (Green não tinha um ministério a seu cargo e não será substituído de imediato), a sua saída deixa ainda mais isolada a primeira-ministra, num momento em que parecia ter superado o pior daquele que foi, em várias frentes, um "annus horribilis". 

"Theresa May perdeu um dos poucos que a compreende", escreveu a editora de Política da BBC, Laura Kuenssberg, sublinhando que Green "era um aliado extremamente importante" da primeira-ministra. "Não apenas um aliado político, mas um amigo genuíno, próximo dela há décadas."

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