Renasce Keely Smith

Keely Smith cantava muito melhor sozinha e é através dos muitos álbuns que gravou sozinha que merece ser apreciada e, inevitavelmente, julgada.

A morte de Keely Smith levou as pessoas a procurar o que havia dela no YouTube e no Wikipedia. Era pouco, mal escolhido e mal contado. Sobressaíram alguns dos espantosos duetos com Louis Prima. Mas não é assim que se fica com uma ideia justa da riqueza vocal e interpretativa de Keely Smith, não só admirada por Sinatra como convidada para gravar com a editora dele, a Reprise. Também Prima era muito mais do que um cantor apalhaçado: era um grande músico e inovador.

Keely Smith era uma brilhante cantora cool, com uma voz cristalina e sensual. Entre 1957 e 1962 gravou, sozinha, sem Louis Prima, 9 ou 10 álbuns de standards que se ouvem com o maior dos prazeres. Quase todos estão no Spotify e, embora fora de ordem, ganham muito em ser ouvidos por sequência cronológica.

Os orquestradores são decisivos. Os três álbuns com o genial Nelson Riddle são maravilhosos: I Wish You Love (1957), Swingin' Pretty (59) e Little Girl Blue (63). Billy May, que também trabalhou bem com Sinatra, brilhou no excelente Politely (58) e em Cherokelly Swings (62), cujo título infeliz alude aos antepassados cherokees e irlandeses da cantora.

Keely Smith precisa de ser historica e musicalmente separada da colaboração esporádica com Louis Prima, até porque este insistia que ela sem ele não seria ninguém. Pois sim, amigo...

Keely Smith cantava muito melhor sozinha e é através dos muitos álbuns que gravou sozinha que merece ser apreciada e, inevitavelmente, julgada. E cantava muito melhor do que Louis Prima.

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