EDP acusada de limpar locais suspeitos da origem do fogo

Xavier Viegas diz que o pedido do Ministério Público para impedir limpeza não chegou a tempo.

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Rui Gaudêncio

Domingos Xavier Viegas, autor do relatório realizado para o Governo sobre o incêndio de Pedrógão Grande, revela que o pedido feito ao Ministério Público para que a EDP não limpasse a zona onde se terá iniciado o incêndio naquela região já não foi a tempo. 

“Infelizmente esse pedido não foi secundado a tempo e entretanto foi feita uma intervenção de limpeza nos locais indiciados como a origem dos incêndios”, afirmou na manhã desta sexta-feira à TSF o coordenador do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

O relatório concluiu que há fortes indícios de que o fogo de 17 de Junho surgiu devido ao contacto das linhas eléctricas com ramos numa zona mal limpa. Segundo Domingos Xavier, já depois da divulgação do relatório, a EDP foi ao local fazer limpeza. Mas o investigador ressalva que há “fotografias do antes e do depois”.

Contactada pela TSF, a EDP Comercial não confirma nem desmente esse aviso das autoridades. A empresa justifica as intervenções posteriores com “o objectivo de repor as condições de segurança das redes e assegurar o abastecimento eléctrico às populações”.

Segundo a mesma empresa, "as intervenções foram de carácter pontual e delas foi dado conhecimento a todas as autoridades competentes", sendo que "a limpeza das faixas de protecção das linhas eléctricas é uma actividade que a EDP Distribuição desenvolve a nível nacional com carácter regular nos períodos permitidos por lei".

A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Nádia Piazza, considera que se o Ministério Público fez o pedido para que não houvesse limpeza e não chegou a tempo “isso por si só fala por si”. A representante das famílias afirma que “é sintomático das entidades das atitudes das autoridades, neste caso a EDP”.

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