Sobre o futuro da formação executiva

No dia 3 de dezembro, o Financial Times (FT) publicou o ranking das melhores escolas de negócios da Europa em 2017.

Este ano, o ranking do FT- um dos mais reputados, a nível mundial, e que classifica as 95 melhores escolas de gestão da Europa - inclui quatro escolas de gestão portuguesas: a Nova School of Business and Economics, a Católica Lisbon School of Business and Economics, a ISCTE Business School - que entrou pelo primeiro ano, nesta corrida e que felicitamos, por esta conquista - e a Porto Business School, a única escola portuguesa a subir na classificação.

A propósito desta notícia, e tendo em consideração as cerca de 16.000 escolas de negócios que existem, em todo o mundo, estar entre as 100 melhores da Europa é uma grande conquista e um reconhecimento da qualidade do ensino da gestão em Portugal. De realçar que quando comparando o número de escolas de negócios portuguesas neste ranking, em termos proporcionais, à dimensão económica do país - Produto Interno Bruto (PIB) – Portugal ocupa o primeiro lugar na Europa. Uma prova clara de que não é necessário “ir lá fora” para obter formação em gestão de elevada qualidade. E a garantia de que estas escolas estão a formar pessoas que podem, de facto, criar um impacto positivo na sociedade. Porque as escolas de negócios têm um âmbito de aplicação vasto.

Alunos bem-sucedidos em escolas de negócios adquirem conhecimentos e competências que lhes permitem fazer a mudança acontecer, nas organizações. Por sua vez, organizações bem-sucedidas tornam-se enormes ativos para a sociedade, fomentando maior produtividade e melhor qualidade de vida. Assim, o valor da formação em gestão é imenso.

Qualquer organização, seja um restaurante, um museu, uma câmara municipal ou até uma organização sem fins lucrativos, funciona como um negócio. Todas as organizações existem para criar valor para o(s) seu(s) stakeholders. Todas devem assegurar recursos financeiros. E os seus líderes devem desenvolver e monitorizar orçamentos, avaliar as implicações financeiras das suas ações, planear o futuro e mobilizar os recursos necessários para a concretização desses planos. O desenvolvimento destas ações e das competências necessárias para as colocar em prática constitui o objetivo fundamental da formação em gestão. Mas, gerir com eficácia não é apenas interpretar números. Vai além disso. As áreas técnicas (hard skills) em escolas de negócios são tão rigorosas como qualquer outra disciplina académica. O maior desafio de ensino/aprendizagem está no lado “soft” da gestão. Escutar ativamente, comunicar de forma clara e persuasiva, gerir projetos complexos e superar reações temperamentais não está na génese de todos. São competências só podem ser aprendidas através de experiências acompanhadas de reflexão crítica. É por isso que as escolas de negócios devem promover projetos experienciais, em equipa, simulando situações reais e ajudando a desenvolver mecanismos que permitirão atingir melhores resultados. Mais do que dar uma solução, as escolas de negócios devem ensinar a colocar as questões certas, a identificar os desafios do futuro e a repensar a estratégia, perante múltiplos cenários. Na Porto Business School, estamos a colocar em prática um novo paradigma: passar do modelo das respostas para o modelo das perguntas e desenvolver um cenário de aprendizagem que permita olhar o mundo com novas "lentes" e estimular mentes curiosas.

É fácil olhar de fora para as escolas de negócios e emitir juízos de valor negativos. Mas estas críticas não são corretas. A missão das escolas de negócios e o que mobiliza os seus alunos é simples e convincente: fazer avançar a sociedade, melhorando a forma como as organizações – grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos – são geridas. E estes objetivos, e as pessoas que os perseguem, nunca foram tão importantes como agora para o nosso futuro.

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