Vestidos para esconder o nervosismo e calças que ensinam ioga

Com a tecnologia, a roupa também se pode tornar inteligente. Há vários projectos a inserir circuitos electrónicos entre costuras, para expandir as funções de acessórios e peças de vestuário além do propósito original.

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Há roupa com tecnologia que ensina a fazer yoga © Rafael Marchante / Reuters

O mercado dos wearables (pequenos aparelhos com que nos podemos equipar) pode ir muito além das pulseiras e relógios desportivos. Há cada vez mais peças de roupa e acessórios a serem desenvolvidos com circuitos electrónicos que permitem monitorizar a frequência cardíaca, as emoções do utilizador e até fazer pagamentos. Tudo sem olhar para um ecrã.

Apesar do crescimento demorado (devido a sensores delicados que não suportam, por exemplo, lavagens à máquina), o analista ABI Research prevê que até 2022 sejam vendidas 31 milhões de unidades deste tipo de equipamentos.

Vestido de “fuga social” DIY

Kathleen Marie McDermott é uma artista norte-americana que combina aparelhos electrónicos com tecidos e esculturas. Um dos seus projectos, a Urban Armor, é uma gama de vestuário que se adapta à necessidade dos utilizadores. Um dos protótipos mais recentes é o “vestido de fuga social”: tem nove pequenos difusores de vapor embutidos no tecido que se activam quando o utilizador está nervoso. Isto é detectado com um sensor que mede o nível de transpiração do utilizador.

O objectivo do vestido é tornar os sintomas de nervosismo “mais visíveis numa conversa como uma forma de protesto, ou uma táctica para divertir os intervenientes no meio de uma situação stressante.”

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Urban Armor

A criadora da Urban Armor (que também inclui um cachecol antipoluição, que tapa a cara do utilizador quando detecta mais poluentes no ar) ainda não foi contactada por nenhuma fabricante para produzir os seus produtos, mas diz que todos são “tecnicamente exequíveis”. Seguem o modelo DIY (sigla inglesa para “faz tu mesmo”) e McDermott oferece um conjunto de tutoriais no site da Urban Armor, bem como informação de sessões pressenciais para aprender a costurar circuitos na roupa.

“Todas as peças que eu crio têm funções muito específicas. É algo que me interessa: a ideia de que os wearables podem ser personalizados para as necessidades e desejos de cada utilizador. O meu projecto é uma forma de explorar a relação do nosso corpo com a tecnologia”, explica McDermott num email enviado ao PÚBLICO.

Calças que ensinam ioga

Também já há produtos à venda.

As Nadi X são um par de “calças inteligentes” desenvolvidos pela Wearable X, que ajudam os utilizadores a aperfeiçoar as poses durante o ioga. Vêm com sensores embutidos nas ancas, joelhos e tornozelos. Há medida que o utilizador realiza poses de ioga, as calças monitorizam o exercício e vibram ligeiramente, nos pontos em que a postura esta incorrecta.

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As calças enviam a informação dos exercícios para uma aplicação móvel Wearable X

A informação também é comunicada, automaticamente, para uma aplicação no smartphone que explica como é que o utilizador pode corrigir os seus exercícios. A bateria das calças deve durar uma hora e meia entre carregamentos.Custam cerca de 150 euros.

Casacos que arrefecem e atendem chamadas

O fabricante de roupa desportiva Kinesix Sports, no Canadá, é um dos fabricantes a desenvolver uma gama de roupa inteligente que inclui um casaco cuja temperatura é controlada via smartphone. O casaco à prova de água vem com vários sensores embutidos (na parte de frente e de trás do casaco, e nas mangas) que comunicam via bluetooth com uma aplicação no telemóvel do utilizador, e aquecem partes específicas do casaco. No nível mais alto (40 graus) o casaco aguenta até três horas antes de precisar de ter a bateria recarregada.

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O casaco vai até aos 40 graus. Kinesix

Além do modo manual – controlado a partir do smartphone – há um modo automático para ajustar a temperatura. Por exemplo, se alguém utiliza o casaco para fazer exercício físico num dia de frio, o casaco começa quente e vai arrefecendo depois de o utilizador começar a correr.

A empresa canadiana que o desenvolve quer tê-lo no mercado no início de 2018. O preço irá rondar os 470 euros.

Outro produto já no mercado é o Levis Commuter Jacket, apresentado em Maio de 2016. Resulta de uma parceria entre a Google e a Levi para criar vestuário inteligente. O casaco de ganga foi pensado para facilitar a vida de quem utiliza uma bicicleta diariamente. Gestos subtis (como o passar os dedos pela manga) dão informação sobre as horas e o estado do tempo, atendem chamadas e param a música que se está a ouvir sem que o ciclista tenha de parar para ver o telemóvel. E com um GPS embutido, o casaco também dá direcções. Custa cerca de 300 euros.

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