Candidatos querem criar uma espécie de governo-sombra

O último gabinete-sombra no PSD foi desenhado por Durão Barroso.

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Durão Barroso tinha um gabinete-sombra a funcionar no PSD Miguel Madeira

É um regresso ao passado recente do PSD. Pedro Santana Lopes e Rui Rio querem ter equipas especializadas, com porta-vozes, a tratar de temas de actualidade política, num modelo adaptado daquele que Durão Barroso implementou antes de ser primeiro-ministro.

No caso de Rui Rio, o nome governo-sombra não deverá ser adoptado (o facto de existir um programa de comentário político com o mesmo nome não ajuda), mas a ideia essencial mantém-se: ter conselheiros específicos por áreas, "prontos para entrar em funções no dia a seguir às eleições", como confirmou ao jornal Sol um elemento da estrutura da campanha do candidato. 

Já Pedro Santana Lopes optará pelo modelo das unidades de missão que anunciou nas jornadas do PSD (nas áreas das políticas sociais, crescimento e reorganização do território), escolhendo um especialista para dar a cara por cada uma delas, do qual também só se saberá o nome depois do dia 13 de Janeiro, data das eleições directas. 

Na altura em que Durão Barroso era líder do PSD, o maior partido da oposição tinha uma organização interna clara. Havia "equipas para formar pelo menos quatro ou cinco governos de grande qualidade", assumia Barroso. Havia, de facto, um gabinete-sombra que servia quase exclusivamente para a marcação homem-a-homem aos ministros no poder e do qual acabaram por sair, de facto, alguns governantes.

José Eduardo Martins, porta-voz para o Ambiente e Ordenamento do Território, foi secretário de Estado do Ambiente. David Justino, que coordenava a Educação, foi escolhido para ministro. Vasco Valdez, que tutelava os Assuntos Fiscais, foi secretário de Estado dessa mesma área. Isaltino Morais acabou por trocar Oeiras pelo ministério das Cidades (era porta-voz para a Administração Interna). E Norberto Rosa (Orçamento), Jorge Costa (Habitação) e Pais de Sousa (Justiça) tiveram os seus lugares na equipa governativa.

Outros ministros-sombra, como Rui Rio (que tinha a pasta do Desenvolvimento e Coesão Nacional) ou Carlos Encarnação (Defesa), não deixaram as autarquias para onde tinham sido eleitos no final de Dezembro de 2001 (Porto e Coimbra, respectivamente), para integrar a equipa governativa de Durão Barroso.

Na altura, uma das bases de recrutamento do partido era o Parlamento. Mas havia outra, o Gabinete de Estudos, que funcionava no rés-do-chão contíguo ao Instituto Francisco Sá Carneiro, e que servia para treinar jovens promessas da política. Nas Obras Públicas destacava-se o jovem Luís Miguel Silva, nos Transportes Duarte Amândio e no Ambiente Silva Costa. "O grande público não os conhece, mas estou convencido que conhecerá nos próximos tempos. A minha missão é lançá-los num pré-combate político", dizia na altura o presidente daquele organismo, Luís Mira Amaral. 

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