PSD tenta descolar da derrota no Porto e acena com os valores da social-democracia

A estratégia para os próximos anos passa por apostar numa política de proximidade.

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PSD empenhado em reconciliar-se com o seu eleitorado Filipe Farinha / Stills (colaborador)

É uma questão de sobrevivência política. Depois da hecatombe eleitoral nas autárquicas (10,39%) e com apenas um único eleito na Câmara do Porto, o independente Álvaro Almeida, e cinco representantes (mais o presidente da Junta de Freguesia de Paranhos) na assembleia municipal, o PSD quer assumir-se como uma oposição credível à actual maioria independente que governa a cidade e aposta numa estratégia de proximidade para o novo ciclo político que está a começar.

Não se trata de criar um Governo-sombra como acontece em Lisboa para fazer oposição a Fernando Medina, mas o PSD-Porto está já a trabalhar no desenho de uma estratégia política para se assumir como uma alternativa em 2021 e voltar a liderar a segunda câmara do país.

“O PSD vai entrar num novo ciclo que será um ciclo de trabalho e de proximidade, quer com os militantes da cidade do Porto, quer também com os portuenses. Vai ser um mandato em que vamos tentar aplicar o segredo do meu sucesso na Freguesia de Paranhos”, adianta Alberto Machado, o único presidente de junta que o partido elegeu nas autárquicas de Outubro.

O também candidato à liderança da concelhia do PSD-Porto revela que o “segredo” do seu sucesso em Paranhos tem a ver com a “política de proximidade das pessoas” e com a forma como os eleitos do partido procuram resolver os problemas das populações, aplicando, como faz questão de sublinhar, os “valores da social-democracia e da igualdade”. “Vamos estar próximos dos cidadãos e apresentarmo-nos como uma alternativa”, promete.

Consciente de que há um longo e difícil caminho a percorrer nos próximos anos, Alberto Machado apresentou esta semana as linhas gerais do seu programa  à liderança da comissão política concelhia do PSD-Porto. E não se pense que os sociais-democratas vão ter uma postura despreendida face ao novo executivo de Rui Moreira. “Vamos fazer uma oposição construtiva, ponto a ponto, orçamento a orçamento, proposta a proposta”, adianta Alberto Machado, anunciando que o partido vai criar uma comissão de acompanhamento de políticas autárquicas desenvolvidas pela Câmara do Porto.

Para esta comissão, estão a ser convidados militantes com experiência autárquica que “vão acompanhar e monitorizar as políticas desenvolvidas pelo município para que o partido possa tomar de forma fundamentada as suas decisões”, revela Alberto Machado ao PÚBLICO. Na calha está também a criação de conselhos estratégicos em diferentes sectores: social, a nível da economia e turismo, cultura, educação e ciência, reforma e modernização administrativa, relações internacionais e Europa, inovação e empreendedorismo e saúde.

Abertos aos militantes, mas também à sociedade civil, os conselhos estratégicos destinam-se a produzir, conforme o próprio nome indica, conteúdos políticos e estratégicos. “Vamos envolver a sociedade civil, os empreendedores, a massa crítica do Porto, os nossos militantes e os quadros do partido no sentido de se ir produzindo alguma reflexão politica, pensamento político estruturado. A ideia é mesmo aproveitar esse pensamento para a eventual elaboração de documentos, nomeadamente moções de conteúdo programático.

Numa estratégia de envolver militantes, mas também os simpatizantes do partido, o PSD vai lançar as Tertúlias Diogo Vasconcelos que serão “momentos de promoção de discussão política em torno de temas da actualidade”. “O nosso objectivo é envolver os militantes e não militantes nesta discussão e reforçar o debate de ideias com vista à criação de uma rede PSD”, adianta ainda o candidato, revelando que as tertúlias serão mensais.

Para além de novas políticas, a futura comissão política concelhia, que vai ser eleita dentro de duas semanas, vai apostar na reorganização interna do partido e escolher novos rostos (Paulo Rangel é um deles), dando assim um sinal de mudança. E de confiança.

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