O que leva a Disney a banir um dos maiores jornais americanos (e a voltar atrás)?

O LA Times publicou uma investigação aos negócios entre a empresa e a cidade californiana onde se localizam os seus populares parques de diversão. Em resposta, a multinacional bloqueou o acesso aos críticos daquele diário aos visionamentos de imprensa — mas a decisão não durou muito.

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Reuters/Aly Song

Tudo começou com uma investigação que o Los Angeles Times publicou em Setembro. Aí, o jornal dava conta das ligações entre a Disney e a cidade de Anaheim, na Califórnia, onde se localizam os famosos parques Disneyland e California Adventure. A resposta da empresa foi banir os críticos do LA Times das sessões de filmes reservadas à comunicação social. Mas, depois de uma onda de solidariedade por parte de outros meios de comunicação, figuras e críticos de Hollywood, a Disney voltou atrás na decisão.

Numa investigação dividida em dois capítulos, o LA Times explicou que conseguiu a Disney obter “subsídios, incentivos, descontos e protecções em relação a futuros impostos” junto dos decisores políticos de Anaheim, bem como a influência da empresa nas eleições locais.

Na semana passada, a Disney reagiu através de um comunicado: “Nós trabalhamos regularmente com organizações de informação em todo o mundo que nem sempre concordam connosco, mas neste caso o LA Times mostrou um completo desrespeito pelos padrões básicos do jornalismo”. Na altura, o jornal garantiu que a empresa nunca fez nenhum pedido de correcção em relação ao artigo publicado.

Além desta troca de comunicados, o LA Times aproveitou a polémica para revelar que a Disney tinha decidido barrar a entrada dos seus jornalistas na sessão de visionamento do filme Thor: Ragnarok reservado à comunicação social (uma prática que permite aos críticos escrever sobre os filmes aa tempo dos dias de estreia). O jornal fez esta revelação para explicar porque é que não iriam ser publicados mais artigos sobre os filmes da Disney deste ano.

Depois de conhecida esta decisão da empresa, foram vários os órgãos de comunicação social que se puseram ao lado do LA Times e prometeram não comparecer mais aos visionamentos de imprensa dos filmes da Disney. Além disso, quatro associações de críticos de cinema — a Associação de Críticos de Filmes de Los Angeles, o Círculo de Críticos de Filmes de Nova Iorque, a Sociedade de Críticos de Filmes de Boston e a Sociedade de Críticos de Filmes Nacional — também defenderam o jornal e ameaçaram votar pela desqualificação dos filmes da Disney nos prémios relativos a este ano.

Depois de tanta pressão exercida por tantos lados, a Disney acabou por voltar atrás. “Tivemos debates produtivos com a nova liderança do Los Angeles Times em relação às nossas preocupações específicas e, como resultado, acordámos em restaurar o acesso aos pré-visionamentos dos seus críticos de cinema”, lê-se num comunicado citado nesta terça-feira pelo New York Times.

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