Exército já envolveu mais de 14 mil homens no combate aos fogos

De Maio a Outubro, realizaram-se 2800 patrulhas diárias de vigilância e de dissuasão em todo o território, que detectaram focos de incêndio no início, identificaram situações anómalas e anteciparam fogos em zonas sombra dos postos de vigia.

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Militares nos fogos de Pompilhosa da Serra Daniel Rocha

Mais de 14 mil militares do Exército já participaram no apoio e combate aos incêndios desde Maio até ao dia 19 de Outubro, segundo um balanço feito ao PÚBLICO pelo porta-voz deste ramo, tenente-coronel Vicente Pereira.

As acções de apoio dos militares ao Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios, centraram-se nos combate a fogos florestais, apoio logístico e na disponibilização de infraestruturas. No total estiveram no terreno 14.243 homens, 8.598 (60%) no âmbito do Plano Lira (protocolo com a protecção civil), 2.290 (23%) no Plano Faunos (protocolo com Instituto de Conservação da Natureza e Florestas) e 2.346 (17%) no âmbito das parcerias com municípios.

Dos 86 teatros de operações onde o Exército esteve empenhado, os mais representativos foram na Sertã (542 militares); Góis (500); Pedrógão Grande (446) e Mação (432).

No âmbito do Plano Lira, foram empenhados 269 pelotões (até 48 horas), num total de 5408 militares, de rescaldo e vigilância pós-incêndio, de 26 unidades militares, em 52 concelhos pertencentes a 14 distritos.

“Estes pelotões desenvolveram uma acção descontínua, mas obrigatória em qualquer incêndio, com o objectivo de eliminar toda a combustão viva e isolar o material que permanecesse em combustão lenta. Foi um trabalho que se revelou muito importante, dado que permitiu a consolidação do trabalho de extinção executado pelos bombeiros, assim como o seu descanso após longas horas de combate ou a sua deslocalização para outros teatros de operações onde a sua acção é fundamental”, explicou o tenente-coronel Vicente Pereira, nas respostas enviadas por escrito às perguntas feitas pelo PÚBLICO.

Os militares destacam ainda a participação de 79 destacamentos de engenharia, em 27 concelhos pertencentes a 9 distritos, que “trabalharam no sentido de eliminar o material combustível existente nas zonas onde decorriam os incêndios e, em simultâneo, criaram e ampliaram faixas de contenção (aceiros ou arrifes)”.

No plano Lira, os homens do Exército levaram a cabo 767 patrulhas de vigilância e de dissuasão diárias, num total de 2262 militares. “Com a sua presença em quase todo o território nacional, estas patrulhas detectaram prontamente alguns focos de incêndio no seu início e identificaram situações anómalas indiciadoras da possibilidade de ocorrência de incêndios. Estas acções permitiram, ainda, detectar incêndios em zonas sombra dos postos de vigia. Por outro lado, o efeito dissuasor das acções de patrulhamento é um facto reconhecido por todos”, explica o porta-voz do ramo militar.

Já no âmbito do protocolo entre o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas [ICNF] e as Forças Armadas (Plano Faunos) foram executadas 1161 patrulhas diárias de vigilância e de dissuasão, num total de 3290 militares. O Exército teve a seu cargo 24 áreas de actuação (96% das atribuídas às Forças Armadas), englobando 59 Perímetros Florestais, 5 Matas Nacionais, 6 Parques Naturais, 1 Área Florestal, 1 Reserva Natural e Terrenos do ICNF.

Ao nível das parcerias com municípios executaram 874 patrulhas diárias de vigilância e de dissuasão, num total de 2346 militares.

No combate aos fogos entre Maio e Outubro estiveram envolvidos 95 oficiais de ligação e 27 grupos de comando, num total de 271 militares. Este apoio ao combate aos incêndios envolveu ainda dezenas de viaturas e equipamentos com várias valências.

A partir de 25 de Outubro, este ramo das Forças Armadas passou a assegurar, por um período de 45 dias, o apoio de serviços em 4 plataformas logísticas (Monção, Tondela, Vila Nova de Poiares e Gouveia) e o transporte da alimentação animal de emergência dessas plataformas para os locais de destino dos 44 municípios que passaram a ser apoiados, empenhando cerca de 70 militares por semana.

“O Exército dispõe de diversificadas valências, consubstanciadas no conhecimento e experiência dos seus militares, assim como nos recursos materiais orgânicos das suas unidades, estabelecimentos e órgãos, factos que, associados à sua organização e dispersão territorial (uma clara mais-valia), lhe confere especiais condições para poder prestar um relevante apoio (militar) em situações de emergência, decorrentes de acidentes graves ou catástrofes”, diz o porta-voz do Exército.

Recorde-se que a preparação do Exército para o apoio ao combate aos fogos florestais foi questionada no relatório independente aos incêndios de Junho e por algumas forças políticas, principalmente o PSD, que pede a criação em Portugal de uma força militar de protecção civil idêntica à existente em Espanha.

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