Avisos do FBI, alegria cubana e planos para matar Fidel – o que já se sabe sobre os novos ficheiros JFK

Historiadores e jornalistas passam a pente fino a nova documentação. Não se esperam revelações que farão mudar a História, mas há alguns dados novos.

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John F. e Jacqueline Kennedy, a 3 de Maio de 1961 LUSA/ABBIE ROWE / NATIONAL PARK SERVICE HANDOUT

O Governo americano divulgou 2800 documentos que estavam classificados sobre a morte do Presidente John F. Kennedy, em Novembro de 1963. Eis o que já se sabe sobre eles, segundo as leituras já feitas pelo jornal The Guardian.

Aviso do FBI

O FBI avisou a polícia de Dallas de que existia uma ameaça para matar Lee Harvey Osvald, o homem que matou o Presidente John F. Kennedy e que foi morto por Jack Ruby quando se encontrava detido e a ser transferido. A informação está num memorando do então director da polícia federal, J. Edgar Hoover.  

"Na noite passada, recebemos uma chamada de Dallas de um homem que falava num tom de voz calmo e que dizia ser membro do comité organizado para matar Oswald", escreveu Hoover a 24 de Novembro. "[O chefe da polícia de Dallas] assegurou que lhe tinha sido dada protecção adequada. Mas isso não foi feito. 

União Soviética preocupada

Os dirigentes da União Soviética consideravam Oswald um "maníaco neurótico" que era "desleal" ao seu país, segundo um memorando do FBI sobre a reacção soviética ao assassinato.

Fontes do Kremlin expressaram receio de que tenha havido uma conspiração organizada pela direita ou pelo homem que substituiria Kennedy na presidência, Lyndon Johnson – neste sentido, receavam uma nova liderança que pudesse decidir atacar a URSS com mísseis. 

Cubanos contentes

O embaixador cubano em Washington em 1963 reagiu "com alegria" ao assassinato, segundo um memorando da CIA.

Oswald falou com "unidade de assassinos"

Segundo uma chamada telefónica interceptada na Cidade do México, Oswald esteve na embaixada soviética no dia 28 de Setembro de 1963 e falou com o vice-cônsul, Valeri Vladimirovich Kostikov. Voltou a ligar para a embaixada a 1 de Outubro, perguntando a quem o atendeu se "não havia nada de novo relativo ao telegrama de Washington". A CIA identifica Kostikov como agente do KGB e membro do Departamento 13, uma unidade responsável por sabotagem e assassinatos. Esta relação de acontecimentos já era conhecida – a documentação agora divulgada só a confirma. 

À procura de Oswald

A divisão de Dallas do FBI tentou encontrar Oswald em Outubro de 1963, segundo um memorando da divisão de Nova Orleães – porque Oswald era "uma pessoa de interesse segundo fontes cubanas", escreveu um agente.

Jack Ruby só queria publicidade?

O assassino de Oswald tinha um negócio de "raparigas e álcool" com o qual "a polícia não interferia". O informador do FBI disse estar surpreendido que Ruby tenha "assassinado" Oswald "em vez de apenas se ter limitado a feri-lo numa perna para ter publicidade".

Tentativas para matar Castro

Mais um dado que não é inédito: a documentação detalha várias tentativas da CIA para assassinar líderes estrangeiros, sobretudo o cubano Fidel Castro. Num memorando de 1975, menciona-se que a CIA tentou matar o congolês Patrice Lumumba e o Presidente indonésio Sukarno. Há recibos que mostram os custos das operações, por exemplo em Cuba, no Congo e no Vietname.

FBI preocupado com teorias da conspiração

Num memorando de 24 de Novembro, Hoover já se mostrava preocupado com o aparecimento de teorias da conspiração. "O que me preocupa realmente é ter alguma coisa para divulgar que possa convencer o público de que Oswald é o verdadeiro assassino."

Jornal britânico recebeu aviso

Numa das revelações mais surpreendentes e peculiares até agora, o FBI tomou nota de que um jornalista sénior (não identificado) de um jornal britânico foi avisado por telefone de que iria acontecer "uma grande notícia" e que o jornalista deveria telefonar para a embaixada norte-americana em Londres. O telefonema feito para a redacção do Cambridge Evening News (actualmente apenas Cambridge News) teve lugar apenas 25 minutos antes do assassinato de John F. Kennedy.

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