"Foram ditas muitas inverdades", diz presidente da Protecção Civil na carta de demissão

Joaquim Leitão apresentou a sua demissão no mesmo dia que Constança Urbano de Sousa. Diz que não tem condições para se manter na liderança.

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NUNO FOX

São “muitas inverdades” que puseram em causa o “bom nome” da Protecção Civil e levaram à apresentação da demissão de Joaquim Leitão do cargo de presidente da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), esta quinta-feira, segundo o responsável. Alguns excertos da carta de demissão, enviada a Constança Urbano de Sousa ainda na quarta-feira à tarde, são citados esta sexta-feira pelo Diário de Notícias e revelam as justificações oficiais do seu afastamento.

"Sinto que não se encontram reunidas as condições necessárias para que me mantenha como presidente desta nobre casa", começa o coronel, que entregou a carta na quarta-feira, o mesmo dia em que a ministra da Administração Interna se demitiu.

No documento, Joaquim Leitão afirma que a sua acção foi condicionada pela falta de “condições necessárias” para se manter como “presidente desta nobre casa”. Fala de “inverdades que foram ditas ao longo dos últimos meses sem que fossem criadas condições para as desmentir”.

Porque foram ditas muitas inverdades ao longo dos últimos meses sem que fossem criadas as condições para as desmentir, tendo assim sido posto em causa o bom nome da Autoridade Nacional de Proteção Civil e em especial o dos profissionais da sua estrutura operacional, aos quais aqui reconheço publicamente o seu valor e sentido de dever.

“Não posso deixar de sentir as tragédias ocorridas no país nos últimos meses", diz, sublinhando o seu empenho “em projectos que visavam a modernização e maior eficácia da Protecção Civil em Portugal, que por motivos alheios à minha vontade nem todos puderam ser iniciados”.

O coronel diz ainda que aceitou o cargo “por amizade e consideração” ao secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, e ao primeiro-ministro, António Costa.

A demissão de Joaquim Leitão era esperada nos últimos dias, sobretudo depois de conhecido o relatório da Comissão Técnica Independente sobre o incêndio de Pedrógão Grande. Apesar da saída, a estrutura operacional da Protecção Civil mantém-se no activo, até que seja substituída ou reconduzida.

Joaquim Leitão é antigo comandante do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa.

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